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Eleições EUA

Mitt Romney divide atenção com ala mais conservadora

Eleitores enfrentam tempestade para ouvir representantes do Tea Party

Partidários de candidato derrotado prometem surpresa em convenção que oficializa hoje Romney

LUCIANA COELHO
RAUL JUSTE LORES
ENVIADOS ESPECIAIS A TAMPA

O Partido Republicano oficializa hoje seu candidato à Presidência, mas, mesmo coroado, o ex-governador Mitt Romney ainda disputa o holofote com alas mais radicais em suas próprias fileiras.

Na noite de anteontem, fiéis do movimento ultraconservador Tea Party inundaram uma igreja na periferia de Tampa (Flórida), apesar de um alerta de tempestade tropical, para três horas de um comício com ar de culto.

No altar, pregaram Herman Cain e Michele Bachmann, derrotados nas primárias partidárias, e nomes menores.

"Somos 'teavangélicas'!", exclama a enfermeira Sandra Stuart, de Ormond Beach (Flórida), ao lado da amiga Linda Gadd. "Somos evangélicas do Tea Party. É que uma Igreja não se resume a um prédio. Igreja é isso", diz, apontando as poucas centenas de pessoas em volta.

Stuart empunhava uma faixa, sacudida a cada frase de efeito do orador, criticando o programa de saúde do presidente Barack Obama.

"Ele quer transformar isso aqui nos Estados Unidos Socialistas das Américas", diz. "Estamos a meio caminho disso", afirma Gadd. "Obama é inconstitucional."

As duas só discordam ao falar da fé do presidente. "Ele é muçulmano", especula Gadd. "E muçulmanos não creem em Deus?", Stuart contemporiza. "Ele não é muçulmano. Só crê nele mesmo."

A dupla se diz animada para votar em Romney em 6 de novembro, "um homem de fé", indiferente ao fato de ele ser mórmon. Mas quem as empolga é Paul Ryan, o vice. "Ele é ótimo, fez diferença."

Para Sam Burgieres, que veio da Louisiana com a mulher e um casal de amigos apenas para o evento, o debate passa longe do divino. "Precisamos cortar o deficit. Há um desastre neste país prestes a acontecer", diz.

Os quatro dirigiram 1.040 km de volta até Mandeville, para tentar tirar seus pertences de casa antes da chegada da tempestade tropical Isaac.

Embora mais influente desde 2010 -sua bênção se provou um chamariz de voto nas primárias para cargos estaduais-, o Tea Party aderiu à costura política e não é o maior problema de Romney.

"Quem disse que ele será nomeado?", provocava ontem Chris Mag, de Denver, na arena onde os delegados partidários ratificarão hoje o candidato, no Tampa Bay Forum.

Mag apoia o libertário Ron Paul, que disputou a candidatura do partido e nunca aceitou a derrota. Defensores do Estado mínimo e da liberdade individual máxima, os libertários estão à esquerda em questões sociais e à direita nas políticas e econômicas.

"Estamos tendo problemas com os manda-chuvas do partido, a turma do Romney."

Paul é o único pré-candidato com votos na convenção que ainda não os repassou a Romney. Incomodado, o partido só permitiu na última hora que falasse -por vídeo.

Mag faz mistério sobre o que seus colegas (alguns com direito a voto) preparam para hoje.

"Ron Paul tem mais simpatizantes do que Romney, bem mais animados", tripudia. "Eles precisam de nós para a campanha porta a porta."

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