![]() |
![]() |
![]() |
Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
BC europeu lança maior cartada contra crise Órgão financiará dívida de países em crise de forma ilimitada, por meio da compra de títulos; Alemanha foi contra Objetivo da medida é aumentar o valor dos papéis e ajudar países como Grécia e Espanha a se refinanciarem RODRIGO RUSSODE LONDRES O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, divulgou ontem um ambicioso plano para financiar sem restrições de volume ou prazo a dívida de países em crise. Ignorando a objeção da Alemanha, para quem uma grande operação de salvamento atentaria contra a independência da instituição, o BCE promete comprar títulos de países como Grécia, Portugal e Espanha. O efeito imediato da operação é valorizar os papéis e derrubar os juros cobrados pelo mercado para sua rolagem -forma tradicional de os países se financiarem. Bolsas europeias dispararam com o anúncio da medida, descrita por alguns analistas como a "bomba atômica" do BCE. Até agora, o banco vinha fazendo operações pontuais de compra de títulos, o que dava apenas alívio momentâneo ao mercado. A expectativa é que um programa permanente do banco traga mais credibilidade quanto à decisão das autoridades europeias de salvar a moeda única. O BCE só comprará papéis com vencimento a curto prazo, de até três anos. O banco também abdicará do status de credor preferencial nos títulos que comprar (ou seja, perderia a primazia sobre os credores privados de receber pagamento em caso de calote parcial). Por fim, o volume de recursos aplicado no programa será compensado retirando dinheiro investido pelo banco em outras ações, para evitar excesso de liquidez no mercado. Há meses o BCE vinha sendo cobrado por analistas para que atuasse de maneira mais firme contra a crise. Entre o fim do ano passado e o começo de 2012, o BCE lançou dois programas de empréstimos com juros baixíssimos e longos prazos para injetar recursos na economia da região e em seu sistema financeiro -o que não teve o resultado esperado. REPROVAÇÃO ALEMÃ A aprovação do novo programa teve como voz dissonante o banco central da Alemanha, que teme que o BCE indiretamente financie Estados, o que é proibido por seus estatutos, e que a inflação fuja do controle na região. Para que o BCE compre os títulos de um país, será preciso que seu governo se submeta a estritas condições, como o pedido prévio de socorro financeiro aos mecanismos europeus de resgate. O programa será cancelado quando o Estado não cumprir mais os compromissos assumidos. Embora tenha sido celebrado, o anúncio de Draghi não escapou de algumas críticas de especialistas, que consideram que o pacote oferece alívio a curto prazo, mas não lida com os problemas estruturais de solvência dos países e da sustentabilidade de suas dívidas. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |