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Transição chinesa tem sumiço de líder

Xi Jinping, cuja confirmação como sucessor do presidente Hu Jintao é esperada para outubro, cancela encontros

Entre os compromissos desmarcados estava uma conversa com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton

DE PEQUIM

Faltando poucas semanas para a esperada confirmação como novo líder da segunda economia mundial, o vice-presidente chinês, Xi Jinping, cancelou todos os seus compromissos públicos dos últimos dias.

A ausência sem explicação reforça especulações de que o opaco processo de transição da cúpula chinesa está sendo mais atribulado do que o previsto.

Ontem, Xi cancelou um encontro em Pequim com o premiê norueguês, Helle Thorning-Schmidt, repetindo o que já havia feito pelo menos três vezes em cinco dias, incluindo as audiências com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e com uma delegação russa.

No caso do líder dinamarquês, a Chancelaria chinesa chegou a convidar jornalistas estrangeiros a participar do encontro, mas depois negou que Xi tivesse agendado a reunião.

Na semana passada, o governo chinês teria informado à comitiva americana que Xi, 59, sofreu uma crise de dor nas costas, impedindo o encontro com Hillary.

A versão divulgada nunca foi confirmada oficialmente.

Na internet chinesa, a ausência de Xi provocou especulações de que ele estaria muito doente, de que teria sofrido um atentado perpetrado por um aliado do dirigente recém-expurgado Bo Xilai e até de que estaria morto, entre outras hipóteses.

Essas teorias e a falta de informação oficial sobre o paradeiro de Xi são mais uma amostra do sigilo que cerca a política chinesa, que fará a primeira transição em dez anos num delicado momento em que a economia do país vem perdendo o ímpeto dos últimos anos.

Nem mesmo a data exata do 18º Congresso do Partido Comunista, prevista para se realizar no mês que vem, está confirmada.

Na ausência de informação oficial, o melhor indicativo de que será em meados de outubro foi o recente adiamento da maratona da cidade no dia 14. Por determinação do governo, a prova foi adiada, ainda sem uma nova data para sua realização.

Além de confirmar Xi para o lugar de Hu Jintao, o Congresso deve renovar sete dos nove assentos do Comitê Permanente, o órgão máximo da estrutura estatal chinesa.

Um dos mais cotados era Bo Xilai, afastado do partido depois de sua mulher, Gu Kailai, ter sido acusada de matar o empresário britânico Neil Heywood em meio a desavenças econômicas. Gu foi condenada à pena de morte, mas a execução da sentença está suspensa.

"Nós sabemos que Xi Jinping é supostamente o novo líder, mas temos muito pouca informação sobre como ele foi escolhido, o que é bastante impressionante para uma posição tão importante na política mundial", disse David Zweig, politólogo da Universidade de Hong Kong de Ciência e Tecnologia, ao jornal britânico "Financial Times". (FABIANO MAISONNAVE)

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