Índice geral Mundo
Mundo
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Prédios dos EUA no norte da África são alvo de ataque

Protestos de radicais islâmicos causam 1 morte na Líbia; no Cairo, bandeira é rasgada

Filme americano que retrata profeta Maomé fazendo sexo é origem dos protestos; vítima seria cidadão dos EUA

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Representações diplomáticas dos EUA no norte da África foram atacadas ontem por radicais islâmicos, resultando em ao menos uma morte, em Benghazi, na Líbia.

A vítima no ataque em território líbio foi um funcionário do Departamento de Estado, informou a secretária de Estado, Hillary Clinton. "Condeno nos termos mais enérgicos esse ataque", disse.

A origem dos protestos é um filme produzido nos EUA e considerado pelos extremistas um insulto a Maomé.

Supostamente chamado "O Julgamento de Maomé", o filme teria sido produzido por cristãos coptas egípcios radicados nos EUA e mostraria o fundador do islã de forma degradante, fazendo sexo e planejando massacres.

Muitos muçulmanos julgam ofensiva a simples representação visual do profeta.

"Que fique claro: nunca há justificativas para atos de violência do tipo", disse Hillary.

Na Embaixada dos EUA no Cairo, manifestantes rasgaram a bandeira americana -, hasteada a meio pau pelo aniversário do 11 de Setembro-, e a trocaram por uma do islã.

Horas mais tarde, em Benghazi, um bando armado atacou o consulado americano, que foi incendiado.

Segundo o vice-ministro do Interior, Wanis al-Charef, enquanto forças de segurança líbias tentavam conter os protestos, foguetes foram atirados contra o prédio. Um funcionário foi morto e outro está ferido, de acordo com ele.

O jornal "Al Ahram" estimou que havia cerca de 2.000 manifestantes no Cairo, a maioria salafistas (islamitas ultraconservadores). Eles atenderam à convocação de Wesam Abdel-Wareth, líder salafista e presidente de um canal de TV conservador.

A manifestação manteve-se pacífica até que começaram os disparos de fogos de artifício contra a embaixada. Em seguida, dezenas de jovens escalaram os muros e retiraram a bandeira, que foi rasgada em pedaços.

Em pleno 11 de setembro, foi hasteada na frente da embaixada americana uma bandeira negra com a profissão de fé do islã inscrita em branco: "Não há deus como Deus e Maomé é o profeta".

Parecida com a faixa usada pela Al Qaeda, a bandeira negra é o símbolo salafista e tornou-se mais visível na região com as revoltas que derrubaram ditadores inimigos dos islamitas, como no Egito.

O Exército, que nada fez para impedir o ataque, convenceu os manifestantes a descer do muro e cercou o prédio da embaixada.

Os manifestantes teriam chegado somente até o pátio interno, sem entrar no prédio, espantando os temores de uma invasão como a de 1979, no Irã, quando 52 reféns americanos foram mantidos por 444 dias.

O embaixador e a maioria dos funcionários da embaixada não estavam presentes durante o ataque. Depois, a embaixada divulgou nota condenando os autores do filme por abusarem da liberdade de expressão "para ofender sentimentos religiosos".

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.