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Blogueira dissidente fica 30 horas detida em Cuba

Yoani Sánchez tentou acompanhar julgamento de espanhol acusado por morte

Após ser solta, ela agradeceu via Twitter seus apoiadores e disse que lhe negaram água e comida na prisão

Desmond Boylan - 9.fev.2011/Reuters
Yoani na sacada de sua casa em Havana, em foto de 2011
Yoani na sacada de sua casa em Havana, em foto de 2011

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A blogueira dissidente cubana Yoani Sánchez e seu marido, Reinaldo Escobar, ficaram detidos por 30 horas em Cuba, após serem presos na cidade de Bayamo, 750 km a leste da capital, Havana. O governo não confirmou oficialmente a prisão.

A detenção de Yoani, 37, que escreve no perfil de Twitter @yoanisanchez e no blog Generación Y, críticos à ditadura, havia sido confirmada à agência Efe pelo psicólogo dissidente Guillermo Fariñas -ele mesmo detido anteontem, com mais 41 pessoas, e libertado no dia seguinte.

Às 21h locais (22h em Brasília), Sánchez informou pela sua conta no Twitter que já havia sido libertada e agradeceu àqueles que "levantaram suas vozes e seus tuítes" pedindo sua soltura. Ela também afirmou que durante as 30 horas de detenção não comeu, nem bebeu.

No final da tarde de ontem (horário brasileiro), meios pró-governo haviam divulgado a informação de que Yoani estava sendo levada de volta a Havana.

A blogueira viajara a Bayamo para acompanhar o julgamento do espanhol Ángel Carromero pelo acidente que matou Oswaldo Payá, 60, um dos mais célebres dissidentes cubanos, no dia 22 de julho.

Militante do PP, partido conservador que governa a Espanha, Carromero, 27, dirigia o carro que levava Payá e seu colega Harold Cepero, mortos na colisão com uma árvore. Acusado de guiar em alta velocidade, o espanhol está sendo julgado por homicídio culposo (sem intenção).

Segundo o blogueiro governista Yohandry Fontana, Yoani e seu marido foram presos porque planejavam transformar o julgamento de Carromero em um "show midiático". A acusação foi repetida pelo jornalista oficialista García Ginarte, que também falou em "provocação".

REPERCUSSÃO

Em nota, a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) condenou a detenção da blogueira e pediu ao regime a libertação dela e de outros oposicionistas presos.

"Se as autoridades cubanas queriam minimizar a cobertura do julgamento, conseguiram o exato oposto com essa prisão arbitrária e de óbvio teor político", disse Gustavo Mohme, da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, na nota.

A entidade ainda criticou as recentes prisões políticas na ilha, que ocorrem apesar das medidas de liberalização econômica do governo Raúl Castro. Mark Toner, porta-voz-adjunto do Departamento de Estado norte-americano, também se disse preocupado com a prisão de Yoani.

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