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União Europeia leva Nobel da Paz em meio a crise e insatisfação

Comitê afirma que prêmio se deve aos esforços do bloco pela reconciliação do continente nos últimos 60 anos

É a 1ª vez que um grupo de nações que integram o mesmo continente é laureado; críticos veem premiação como piada

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

Em meio a uma grave crise econômica e à crescente insatisfação social, a União Europeia recebeu ontem o Prêmio Nobel da Paz. O comitê responsável pelo prêmio justificou sua decisão com base nos esforços do bloco político para reconciliar a Europa nos últimos 60 anos.

Duas ocasiões históricas foram mencionadas durante o anúncio da premiação, em Oslo. A primeira foi a união da Europa após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando o continente se dividiu entre aliados (Reino Unido, França) e o Eixo, com os regimes nazista na Alemanha e fascista na Itália.

A segunda ocasião destacada pela organização do Nobel foi a reunificação europeia nos anos que se seguiram à queda do Muro de Berlim, em 1989, e o posterior fim da União Soviética (1991).

Desde 1901, quando o Nobel da Paz foi instituído, 25 instituições receberam a honraria, mas esta é a primeira vez em que um grupo de nações que integram um mesmo continente é agraciado com o prêmio.

O momento da premiação, contudo, causou divisão entre analistas. Enquanto alguns consideram que o Comitê Norueguês do Nobel entregou o prêmio como forma de estímulo para garantir os avanços já conquistados, outros questionam se é adequado fazê-lo em meio à conturbada crise da dívida pública na zona do euro.

Na declaração oficial, o comitê afirma: "A União Europeia atualmente passa por graves dificuldades econômicas e por uma considerável insatisfação social. O Comitê Norueguês do Nobel deseja focar no que considera o resultado mais importante da UE: o bem-sucedido esforço para a paz e a reconciliação e para a democracia e os direitos humanos".

O comitê é formado por cinco noruegueses nomeados pelo Parlamento do país. Embora tenha premiado a União Europeia, formada atualmente por 27 países, a Noruega não faz parte do bloco -cujas lideranças celebraram a conquista, divulgada às vésperas do próximo encontro de chefes de Estado, a partir do dia 18, em Bruxelas.

O português José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia (órgão executivo da UE), afirmou que o prêmio é "uma grande honra" para o bloco e seus 500 milhões de cidadãos.

Para o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, "é responsabilidade dos líderes continuar com esse trabalho, para garantir que as futuras gerações possam aproveitar todos os benefícios da União Europeia".

A chanceler alemã, Angela Merkel, maior defensora das medidas de austeridade fiscal para países em crise, o que gera insatisfação popular, qualificou a decisão do prêmio de "maravilhosa" e afirmou que isso dará "impulso ao euro", como uma ideia além da "união monetária".

'SENSO DE HUMOR'

As maiores críticas à premiação vieram dos parlamentares europeus céticos quanto à adoção da moeda única.

O líder do Partido Independente do Reino Unido, Nigel Farage, declarou: "Isso mostra como os noruegueses têm senso de humor. A União Europeia criou pobreza e desemprego para milhões e, nos últimos dois anos, causou animosidade entre os países do norte e do sul da Europa".

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