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Espanha ruma para eleger 'sr. depende'

Pesquisas mostram que partido de Rajoy, conhecido por contornar perguntas, deve ter maior bancada desde 1982

Posse do novo governo é na metade do mês que vem, mas pode haver acordo entre partidos para antecipar medidas

VAGUINALDO MARINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
Cristina Quicler/France Presse
O candidato a primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy (Partido Popular) cumprimenta correligionários em seu último ato de campanha, em Madri
O candidato a primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy (Partido Popular) cumprimenta correligionários em seu último ato de campanha, em Madri

Atolada em crise econômica, a Espanha ruma para eleger amanhã um primeiro-ministro pouco carismático e apelidado de "senhor depende", por contornar perguntas e evitar se comprometer com medidas futuras.

Mariano Rajoy, 56, é o líder do PP (Partido Popular), de direita. Segundo as últimas pesquisas, no dia 13, seu partido elegerá de 192 a 196 dos 350 deputados da Câmara espanhola.

Se o número se confirmar, será a maior bancada alcançada por um partido desde 1982, quando o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) elegeu 202 e conduziu Felipe Gonzáles ao poder.

"É curioso pensar em Rajoy como chefe de governo. Ele é um sobrevivente, alguém que perdeu duas eleições [2004 e 2008] e que se aproveita dos erros dos outros", disse Paloma Román Maruján, do departamento de ciência política da Universidade Complutense de Madri.

"A eleição atual é a materialização do que sempre falamos em ciência política: um partido não vence um pleito, são os governos que perdem", completou.

Segundo ela, as pessoas estão cansadas de sete anos do governo socialista e com vontade de castigar aqueles que responsabilizam pela situação atual do país, com desemprego recorde (22,6%) e economia estagnada.

O PSOE, do premiê José Luis Rodríguez Zapatero, já praticamente admitiu a derrota.

O candidato do partido, Alfredo Pérez Rubacalpa, fez um apelo no último dia de campanha para que não seja dada maioria absoluta ao PP.

Usou a política do medo. Disse que seus adversários têm uma agenda secreta nas área econômica (ainda mais cortes de gastos) e social (rever a proibição do fumo em lugares fechados; restringir o acesso ao aborto e ao casamento entre homossexuais).

Afirmou que, se obtiverem maioria, nada os deterá.

Rajoy, fumante, dizia antes ser a favor de flexibilização na restrição ao tabaco.

Sobre o aborto, admitia alterar a lei para dificultá-lo a menores de idade.

Agora, às vésperas da votação, desconversa sobre os dois temas e sobre o casamento homossexual. Diz que não são assuntos prioritários, e sim a economia. Mas também nesse assunto alimenta a fama de "senhor depende".

Em uma entrevista à TV, disse que já definiu o nome do titular da pasta da Economia. Foi questionado se será homem ou mulher. Resposta: "Bom, depende".

RAPIDEZ

Oficialmente o novo governo toma posse na segunda quinzena de dezembro.

Mas diante da crise econômica, com a Espanha sendo obrigada a pagar retorno recorde de mais de 7% em títulos de dez anos, é possível que haja acordo entre vencedor e vencido para anunciar medidas conjuntas.

Cristóbal Montoro, defensor de mais austeridade, é um dos cotados para assumir o ministério da Economia.

Questionado se não teme manifestações populares contra mais cortes de benefícios, disse que não. "Se adotarmos políticas que tenham sido validadas pelas urnas, não temos que temer protestos nas ruas."

Leia matéria sobre os 'indignados' na Espanha

folha.com/no1008899

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