São Paulo, Sábado, 01 de Janeiro de 2000


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País gira em torno do rei

do enviado especial

Tonga gira em torno de um homem: o rei Taufa'ahau Tupou 4º. O ponto mais importante da festa do ano 2000, para os tonganeses, foi a sua mensagem: "Esperamos que as pessoas do novo milênio aprendam com o passado e avancem, de mãos dadas, para a paz, a harmonia, a prosperidade e a segurança." Coroado em 1965, o rei Tupou 4º, 81, pode tudo: decretar lei marcial, dissolver o Parlamento e suspender habeas corpus.
O risco de o Parlamento aprovar leis que desagradem ao rei tende a zero. Das 30 cadeiras do Parlamento, 12 são indicadas por ele, todos também integrantes de seu ministério. Os nobres escolhem nove representantes. À população cabe eleger pelo voto direto nove parlamentares para um mandato de três anos.
Em Tonga, conjunto de 170 ilhas das quais só 42 são habitadas, esse sistema é batizado monarquia parlamentarista. A oposição prefere chamá-lo de tirania.
Apesar disso, o rei é adorado pela população. O culto decorre do paternalismo com que trata os súditos e dos serviços básicos prestados pelo reino.
"A população apóia o rei porque todas as crianças vão para a escola e todo mundo tem acesso ao sistema de saúde", diz Papiloa Bloomfield Foliaki, uma das líderes na defesa da monarquia. A taxa de analfabetismo é 0,04%.
A popularidade do rei é também um tributo ao primeiro monarca de Tonga -George Tupou 1º. Com a ajuda de missionários metodistas, ele unificou o país em 1862 ao derrotar dois líderes rivais e distribuiu 3,34 hectares de terra para cada tonganês em troca de um pagamento anual de cerca de US$ 2. O sistema vale até hoje.
O rei atual quer trazer a modernidade para Tonga. Foi ele que construiu aeroportos nas ilhas e estimulou a abertura de hotéis.
O programa não deu muito certo. O turismo é a segunda fonte de renda em Tonga, atrás da agricultura. O país recebeu só 27 mil turistas em 1998, segundo Sione Mola, diretor de marketing do escritório de turismo. Cerca de 10 mil são tonganeses que emigraram. O número é inexpressivo para os padrões do Pacífico Sul. Fiji atrai 14 vezes mais turistas.
A maior prova do fracasso do programa é a emigração. Há 39.500 tonganeses vivendo em outros países. O número de emigrantes equivale a 40% da população local. Todos saem em busca de emprego. (MCC)


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