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São Paulo, quinta-feira, 01 de janeiro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Ariel Sharon minimiza dimensão do plano; Síria critica "uso da força", e França fala em "ilegalidade"

Israel quer aumentar colonização do Golã

DA REDAÇÃO

Israel divulgou ontem um plano para aumentar o número de colonos no Golã, território anexado à Síria durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
A intenção pode não passar de balão de ensaio destinado a fortalecer a posição israelenses em negociações futuras com a Síria, mas ela provocou uma imediata tempestade verbal.
O ministro israelense da Agricultura, Yisrael Katz, que dirige no gabinete conservador o programa de assentamentos em terras árabes, disse ontem à agência Reuters que o Golã "é parte integrante de Israel", princípio que a seu ver deve orientar qualquer negociação com os sírios.
O governo da França exortou Israel a não aumentar o número de colonos na área e argumentou que a União Européia consideraria a medida como "contrária à lei internacional".
Os franceses "apelam com insistência para que Israel abandone esse projeto e não adote outras medidas que comprometam o processo de paz", disse o porta-voz da Chancelaria.
Um dos assessores do primeiro-ministro Ariel Sharon negou que o plano seja uma mensagem política para pressionar o presidente sírio, Bashar al Assad. Disse à Reuters que o objetivo dos assentamentos era promover a agricultura e o turismo na região.
Mas em Damasco o governo acusa Israel de dar um passo suplementar na direção da anexação definitiva do Golã. "Os conflitos devem ser resolvidos pelas leis internacionais e não pela força", disse o vice-chanceler, Isa Dawish.
O Golã é uma espécie de oásis de terras férteis. Nele estão ainda 30% das atuais reservas israelenses de água doce.
A existência do plano foi revelada pela edição de ontem do "Yedioth Ahronoth", o maior jornal israelense. Por meio de uma dotação de US$ 62 milhões, disse o jornal, seria duplicado em três anos o número de colonos no Golã, que são hoje de até 18 mil, em 31 assentamentos.
Mais tarde um porta-voz do Ministério da Agricultura negou que o plano tivesse essa dimensão demográfica e disse que apenas 900 novas famílias seriam assentadas.
A oposição de esquerda acusou o governo Sharon de aumentar gratuitamente a tensão com a Síria, o que daria sinal verde para que o regime de Assad continue a dar apoio logístico a grupos de terroristas palestinos.
Haim Ramon, deputado trabalhista, disse que o governo israelense estava tentando pôr fim às negociações com a Síria antes mesmo que elas se reiniciassem.
O jornal "Haaretz", próximo dos trabalhistas, minimizou ontem em sua edição online a importância do plano. Com base em informações do Ministério da Agricultura, negou que Israel quisesse abrir novos assentamentos. O "Haaretz" também destaca nota da assessoria de imprensa de Ariel Sharon, que qualifica de "cínica" a suposta manobra pela qual uma iniciativa destinada a favorecer a agricultura e o turismo tenha se tornado um objeto de escândalo regional.
O presidente sírio deu, há uma semana, entrevista ao "New York Times", na qual pediu que Washington pressionasse Israel a retomar as negociações, interrompidas em 2000, destinadas à devolução do Golã.
O governo de Damasco nega que ofereça infra-estrutura para o terrorismo palestino. Argumenta que funcionavam com sua permissão apenas "escritórios de informação" desses grupos.


Com agências internacionais


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