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Bush ignora sugestão de retirada
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA FOLHA
Veterano observador do
que se passa em Washington
confessou-se impressionado
com a atenção medíocre dada às tão esperadas recomendações do Grupo de Estudos do Iraque, que, depois
de meses de trabalho, sugeriu no início de dezembro
uma retirada escalonada das
tropas americanas do país
árabe e negociações com o
Irã e a Síria.
Nem os democratas da
oposição, fortalecidos nas
urnas, deram ao grupo a acolhida esperada. A santificação antecipada tornou-se um
desmonte conduzido a toque
de caixa pelo próprio presidente George W. Bush.
Diante da tragédia no Iraque, Bush pai convocou James Baker, ex-secretário de
Estado, para mais uma missão de socorro. Ele já havia
chefiado os advogados que
travaram as lutas judiciais
envolvendo a contagem de
votos na Flórida, em 2000.
A tarefa agora seria tirar os
pés do filho do lodaçal iraquiano. Formou-se um grupo com o selo de imparcialidade dado pela presença de
um político oposicionista,
Lee Hamilton. Baker era a figura dominante num círculo
de pessoas tidas como pouco
ou nada informadas sobre o
Iraque. Importavam seus
movimentos, como o de contatar o embaixador do Irã na
ONU em sondagens sobre
possibilidade de diálogo.
Foi seu grande pecado
diante de Bush filho, a quem
devia salvar e que acabou virando as costas a ele. Isto ficou claro numa conversa que
Rice teve com o pessoal do
"Washington Post".
Ela começou criticando a
pouca ênfase dada pelo grupo à democracia. Ou até pouca importância, por propor
diálogo com países (Irã e Síria) que "subvertem a democracia no Líbano". Os EUA,
segundo Rice, "sempre foram mais efetivos quando
usam seu poder em defesa de
princípios". Rice renegou como "falsa estabilidade" o que
resultar de "acomodações
com as ditaduras do Irã e da
Síria". A prova de que Baker é
seu alvo principal está na observação de que ele não "entendeu" o quanto o Oriente
Médio mudou em 15 anos.
Época remota em que Baker
fez ponte-aérea em busca de
paz entre palestinos e Israel.
Como estará reagindo, sobretudo intimamente, Bush
pai ? Outro de seus homens,
Robert Gates, que fez parte
do grupo, tornou-se secretário da Defesa . Compensaria
a impotência de Baker? Ele
negou que o recente fortalecimento da presença militar
naval dos EUA no golfo Pérsico tenha a ver com as "provocações" do Irã. A rede de
televisão CBS garantiu que
tem. Gates também está sob
ordens de Bush para preparar o envio de mais tropas ao
Iraque. A recomendação do
grupo é de retirada.
O jornalista NEWTON CARLOS é analista de
questões internacionais
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