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Farc suspendem libertação de reféns
Chávez anuncia suspensão na TV; grupo atribui cancelamento a "operações militares" colombianas
Uribe responsabiliza Farc, se dispõe a abrir "corredor estratégico" para libertação e diz que menino que seria solto estaria em orfanato
Reuters - 24.nov.2007
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Álvaro Uribe cumprimenta soldados na véspera do Natal em Santa Marta; o presidente, que culpa as Farc pelo impasse na operação, viajou ontem a Villavicencio
DA REDAÇÃO
Depois de cinco dias de expectativa, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) anunciaram, ontem à
tarde, que suspenderam "por
agora" a entrega de três reféns
em seu poder, que havia sido
prometida no dia 18 de dezembro ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
Em comunicado que o próprio Chávez leu na TV, a organização atribuiu a suspensão à
intensificação de operações
militares colombianas na região de Villavicencio, a cem
quilômetros de Bogotá.
Na cidade, helicópteros venezuelanos esperavam havia
cinco dias para buscar os seqüestrados Clara Rojas, assessora da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, seu filho Emmanuel, nascido em cativeiro e fruto da relação com
integrante das Farc, e a ex-congressista Consuelo González.
"Senhor presidente [Chávez], as intensas operações lançadas na região nos impedem
por agora de entregar [os três
reféns], como era nosso desejo.
Insistir nisso, nestas condições,
seria pôr em grave risco a vida
das pessoas a liberar, dos demais prisioneiros de guerra e
dos próprios guerrilheiros designados para cumprir a missão", diz o comunicado lido por
Chávez, pouco antes das 18h de
ontem (horário do Brasil).
Depois de ler a nota, Chávez
pediu que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, suspendesse as operações militares
até a libertação dos três reféns.
"Um cessar-fogo abriria uma
porta e permitiria que se mantenha a opção [de entregar os
reféns a uma missão organizada pela Venezuela] por um dois
ou três dias mais."
O presidente venezuelano
também levantou a possibilidade de mudar a "fórmula" para a
soltura dos seqüestrados.
Uribe e Emmanuel
Uribe, que ontem cedo viajara a Villavicencio, negou responsabilidade pelo impasse.
"Não houve combates nesta
área nas últimas semanas",
afirmou ele, que se disse disposto a abrir um "corredor estratégico para facilitar que as
Farc trasladem os seqüestrados, segundo a proposta feita
pela Venezuela".
Mas Uribe também qualificou de "cínica e mentirosa" a
atitude das Farc e afirmou que
o grupo não entregou os reféns
porque o menino Emmanuel
não estaria com a guerrilha,
mas num orfanato em Bogotá.
Ele pediu a colaboração do governo venezuelano para fazer
um teste de DNA na avó da
criança, que está em Caracas à
espera da filha e do neto.
Segundo Luis Carlos Restrepo, alto comissário para a Paz
do governo, Uribe foi a Villavicencio a fim de se reunir com o
grupo de observadores internacionais que está na cidade desde sábado e dizer que a culpa da
postergação na entrega dos reféns não é de Bogotá.
"Que fique claro que quem
descumpriu [o acordo] foram
as Farc, que não entregaram as
informações [local na selva onde estarão os reféns]", disse
Restrepo. "As Farc são um grupo que reiteradamente mente e
engana [...] Fica absolutamente
claro que até o momento não
há um canal de comunicação
com o coordenação da delegação venezuelana", continuou.
As Farc haviam anunciado
no a libertação dos três seqüestrados em "desagravo" a Chávez, que fora afastado em novembro por Uribe da mediação
das negociações para a troca de
45 reféns do grupo por 500
guerrilheiros presos.
Chávez, então, organizou e
anunciou a "Operação Emmanuel" para recuperar os três.
Logo após o anúncio da missão,
o presidente Uribe, pressionado pelo apoio internacional à
iniciativa, deu o seu aval.
Anteontem, Chávez já havia
admitido que a "Operação Emmanuel" poderia durar dias, e
acusou "atores internos e externos" à Colômbia -incluindo
os EUA- de ações hostis contra a libertação.
Casa Branca
A Casa Branca divulgou que
Uribe conversou ontem por telefone com o presidente dos
EUA, George W. Bush, sobre a
missão. Segundo o governo
americano, o colombiano disse
a Bush que ainda estavam sendo trabalhados "vários pontos"
da operação.
Entre os demais reféns das
Farc, há três americanos que
participavam do Plano Colômbia de combate ao narcotráfico
e à guerrilha -pelo qual os EUA
já transferiram mais de US$ 4
bilhões em armas e financiamento a Bogotá nos últimos
cinco anos.
Entre os observadores internacionais que esperavam desde
sábado em Villavicencio estão
ainda o assessor internacional
do Planalto, Marco Aurélio
Garcia, e o ex-presidente argentino Néstor Kirchner.
Com agências internacionais e FABIANO MAISONNAVE, de Caracas
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