São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2000


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ELEIÇÃO NOS EUA
Pré-candidato republicano tem 54% dos votos, contra 42% de McCain, e se fortalece para "Super Terça"
Bush vence em primárias, diz CNN

Associated Press
O senador republicano John McCain participa de campanha eleitoral em Redding, na Califórnia


MARCIO AITH
de Washington

O governador do Texas, George W. Bush, derrotou ontem o senador John McCain na primária republicana do Estado da Virgínia, fortalecendo sua pré-candidatura à sucessão do presidente norte-americano, Bill Clinton.
Segundo pesquisa de boca-de-urna da CNN, Bush obteve 54% dos votos, contra 42% de McCain.
Pelos resultados, deduz-se que McCain fracassou em sua estratégia de atacar com ferocidade as lideranças religiosas favoráveis a Bush no Estado, sede das instituições cristãs conservadoras que controlam 30% do partido republicano.
Entre essas instituições está a Coalizão Cristã, dirigida por Pat Robertson. Na segunda-feira, McCain chamou Robertson de "agente da intolerância" e acusou Bush de ser o braço político da Coalizão.
McCain quis, com as críticas, atrair para a primária republicana um maior número de eleitores democratas e independentes contrários a Robertson.
O resultado foi o inverso. McCain irritou os eleitores cristãos (83% deles teriam votado em Bush e apenas 10% em McCain, segundo a CNN) e não passou de um empate com Bush entre o restante dos votantes.
Com o resultado de ontem, Bush ultrapassou McCain na contagem geral e já conseguiu 187 delegados para a convenção republicana em julho. McCain tem 95.
O Estado de Washington também realizou sua primária ontem, mas a votação ainda não havia acabado até as 22h30 (horário de Brasília).
O resultado na Virgínia mostra que Bush depende do apoio dos setores mais conservadores do partido para ganhar a nomeação.
Essa dependência, no entanto, revela que o partido republicano caminha para uma crise de legitimidade ao aproximar-se da "Super Terça", no próximo dia 7, quando prévias simultâneas em 13 Estados definirão o próximo candidato do partido à sucessão do presidente Bill Clinton.
Da maneira como evoluem as pesquisas de opinião pública, Bush, candidato favorito dos eleitores republicanos e da direção do partido, deverá obter a nomeação com o apoio de uma base eleitoral ultraconservadora e rejeitado pelos eleitores independentes que normalmente desequilibram e definem o resultado das eleições gerais, marcadas para novembro.
Já McCain conquistou o apoio dos independentes e até de democratas adotando um discurso reformista e quase liberal. McCain teria mais chances que Bush de vencer o vice-presidente e virtual candidato democrata, Al Gore, em novembro. Mas poucas de ser o candidato republicano, e aí reside a contradição do partido republicano.
O apoio de não-republicanos a McCain não lhe será útil de agora em diante, já que, na maioria dos Estados que votam na Super Terça, como a Califórnia, apenas o voto republicano será contado.
Os outros eleitores poderão votar, mas seus votos serão computados separadamente -só vão valer para um pleito paralelo e informal apelidado de "Beauty Contest" (concurso de beleza).
Na Califórnia, Bush deverá ganhar a primária, mas o resultado do "Beauty Contest" poderá complicar sua performance final.
Com seu eleitorado em plena transformação, a Califórnia virou a capital da economia dos EUA e um laboratório eleitoral com um número cada vez maior de eleitores de origem hispânica.
Os republicanos no Estado não acompanharam essa mudança. Nos últimos dez anos, ficaram mais velhos, não conseguiram atrair as novas gerações e restringiram-se aos brancos de origem européia. Quase um terço desse eleitorado republicano, segundo pesquisa Field Pold, considera-se conservador radical e 40% alinham-se com a direita religiosa.


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