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VENEZUELA
Texto do grupo, que se reúne no dia 10, pede que governo e oposição "moderem a retórica e evitem recriminações mútuas"
"Amigos" repreendem Chávez e oposição
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Grupo de Amigos da Venezuela deu um diplomático puxão
de orelha no presidente Hugo
Chávez e na oposição ao governo
venezuelano por meio de um comunicado divulgado ontem.
O texto pede que governo e oposição "moderem a retórica e evitem recriminações mútuas". O
documento não cita Chávez nem
os líderes da oposição nominalmente, mas é uma demonstração
de preocupação com os últimos
acontecimentos naquele país. Por
exemplo, a prisão do líder empresarial Carlos Fernández, um dos
principais líderes da oposição.
Na semana passada, por iniciativa de Chávez, ele e o presidente
do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tiveram uma conversa telefônica. Segundo o Itamaraty, essa
conversa se limitou a possíveis
acordos de cooperação entre os
dois países. No dia 10 de março, o
Grupo de Amigos tem reunião
marcada em Brasília para tentar
discutir possíveis maneiras de solucionar o conflito venezuelano.
A motivação final para o comunicado foram os atentados ocorridos nesta semana em Caracas: "O
Grupo de Amigos manifesta total
repúdio aos atentados contra representações oficiais da Colômbia
e da Espanha ocorridos em Caracas, em 25 de fevereiro". Ninguém
sabe quem foi responsável pela
ação. A oposição e o governo trocaram acusações mútuas.
O Grupo de Amigos, liderado
pelo Brasil em parceria com México, Chile, EUA, Espanha e Portugal, teve o cuidado de redigir o
comunicado sem fazer nenhuma
acusação direta. O objetivo é aparentar a maior neutralidade possível para não criar constrangimentos para o próprio grupo em
futuras negociações. O grupo foi
criado para tentar mediar a crise
entre o governo e a oposição, que
chegou ao ponto mais crítico durante a greve geral de 63 dias, suspensa no início de fevereiro.
Embora todo o texto faça sempre referência à oposição e ao governo, foram os recentes episódios protagonizados por Chávez
que mais preocuparam os membros do grupo. "O grupo preocupa-se com a ocorrência de quaisquer fatos ou atitudes que possam
ter influência negativa no processo de criação de confiança entre o
governo venezuelano e a oposição", diz o documento. As atitudes recentes que atrapalharam a
atuação do Grupo de Amigos e dificultaram o diálogo foram protagonizadas por Chávez.
Após o encerramento parcial da
greve geral organizada pela oposição, o presidente saiu cantando
vitória. Seria melhor que tratasse
o assunto como um acordo com
os opositores, disseram diplomatas brasileiros.
Na semana passada, Chávez
também comemorou a prisão de
Carlos Fernández, um dos líderes
da greve. A prisão foi decretada
pela Justiça, mas foi interpretada
como um ato de cunho político.
A prisão de Fernández aconteceu menos de 24 horas depois de
um acordo assinado entre Chávez
e a oposição, no qual os dois lados
se comprometiam a buscar uma
solução pacífica para o conflito.
No comunicado de ontem, o
Grupo de Amigos afirma que é
preciso manter "vigilância para
que prevaleça a moderação", nos
termos acordados na Declaração
contra a Violência, pela Paz e a
Democracia na Venezuela".
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