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COLÔMBIA
Governo Lula quer ter isenção para servir de mediador da guerra civil
Brasil não tachará Farc de terrorista
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
O governo brasileiro dirá não a
uma esperada pressão do presidente colombiano Álvaro Uribe
para que as Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia) sejam declaradas grupo terrorista.
Uribe vem ao Brasil no dia 7, a
convite de seu colega brasileiro
Luiz Inácio Lula da Silva, embora
o convite tenha sido provocado
pelo colombiano.
A chegada do presidente foi
precedida de carta na qual Uribe
pedia que o Brasil apoiasse iniciativa diplomática para caracterizar
as Farc como grupo terrorista em
instâncias internacionais.
É diferente do pedido, muito divulgado mas não apresentado,
para que o próprio governo do
Brasil considerasse as Farc terroristas. De todo modo, a diplomacia brasileira está preparada para
que Uribe apresente o pedido,
ainda que informalmente, durante sua estada em Brasília.
O "não" se deverá a um teorema
assim descrito pelo governo Lula:
1 - a nova política externa mais
agressiva (ou "pró-ativa", como
preferem os diplomatas, sempre
cautelosos na linguagem) implica
a possibilidade de que o Brasil
exerça papel mediador em conflitos na região;
2 - se é essa a expectativa do governo, declarar as Farc terroristas
significaria tomar partido do governo, o que eliminaria qualquer
hipótese de alguma eventual mediação no futuro.
O caso da Venezuela é exemplar
a esse respeito: o presidente Hugo
Chávez pediu ao Brasil que criasse
um "grupo de amigos" que tentaria ajudar nas negociações para
sair da crise profunda em que o
vizinho está mergulhado.
Mas, ao partir o convite de Chávez, a oposição reagiu com veemência e por pouco não inviabilizou o grupo.
Na Colômbia, a veemência das
Farc seria muito maior, porque a
violência no país é muito superior
à existente na Venezuela e muito
mais antiga.
O "não" a Uribe será acompanhado, como contrapartida, das
mais enfáticas declarações de absoluta disposição para colaborar
como for possível na crise.
É quase como se oferecer para
mediador. Mas o presidente colombiano não tem a menor intenção, por ora, de abrir negociações
que demandem um mediador. Ao
contrário, quer aproveitar a chamada "guerra ao terrorismo",
prioridade do governo norte-americano, para escalar a sua própria guerra interna contra as guerrilhas.
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