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Valparaíso se apaga; Concepción enfrenta saques
LEONARDO WEN
EM VALPARAÍSO E CONCEPCIÓN
Por todo o Chile, as cenas de
tensão durante e após o tremor
se repetiram, mas com efeitos
diferentes -alguns dos mais
graves em Concepción, 500 km
ao sul de Santiago, que enfrentou ontem um toque de recolher devido aos saques.
Às 3h44 da madrugada de anteontem, a reportagem da Folha sentiu o chão do bar/restaurante de Valparaíso (a 120
km de Santiago) começando a
tremer, dando a impressão inicial de que em um determinado
momento todas as pessoas que
estavam no local haviam começado a dançar a um só tempo.
Em alguns poucos segundos,
a natureza do ocorrido começou a ficar clara. Foi quando todos os presentes, em desespero, tomaram o rumo da rua, já
repleta dos turistas e nativos
que haviam tido o mesmo impulso e saído às pressas de estabelecimentos contíguos.
A cidade se apagou. E todos
os bares que fazem do local um
dos mais frequentados pontos
de atividade noturna da turística cidade litorânea foram fechados. Aglomerados, atônitos
e em meio a correria desenfreada, jovens e adolescentes na
maioria disputavam táxis para
retornar a hotéis e residências.
Junto com a luz, caiu a comunicação, agravando a sensação
de desamparo. Em meio à confusão, pessoas choravam, e
quem parecia melhor entender
a situação eram os nativos, menos desacostumados a abalos.
A pé, a reportagem da Folha
retornou ao hotel, localizado
nas proximidades, por ruas escuras e vazias. Apenas pela manhã foi possível ter compreensão de que a cidade e o país haviam sofrido um terremoto.
Apesar dos momentos de desespero presenciados, as marcas da destruição em Valparaíso eram poucas, resumindo-se
a algumas fachadas destruídas.
Até o fechamento da estação
rodoviária, pessoas disputavam as últimas passagens para
Santiago. No caminho, percorrido em cerca de uma hora e
meia -tempo usual para o trajeto-, poucos sinais do tremor,
e nenhum desvio na estrada.
A viagem de Santiago a Concepción, que durou oito horas,
teve cenário diferente. Na estrada, mais de dez desvios causados por desníveis e quedas de
pontes atrasaram a viagem.
A comunicação era escassa, e
a cidade estava sem luz ontem
à noite -todos os semáforos
estavam desligados e não havia
internet disponível. À tarde, as
pessoas saqueavam abertamente postos de gasolina, levando combustível para casa
em garrafas pet. Também quebravam cadeados em lojas. A
polícia parecia não se importar.
Mas às 21h, começou o toque
de recolher, garantido por mais
de 1.300 militares que se espalharam por ruas desertas.
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