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IRAQUE SOB TUTELA
Apesar da admitir falhas, secretária americana afirma que decisão de derrubar Saddam foi correta
EUA cometeram "milhares" de erros, diz Rice
FÁBIO VICTOR
DE LONDRES
Sem dizer quais, a secretária de
Estado dos EUA, Condoleezza Rice, admitiu ontem que seu país
cometeu "milhares" de erros táticos na invasão do Iraque, mas que
ainda assim a decisão de remover
o ditador Saddam Hussein do poder foi uma estratégia acertada.
"Eu sei que cometemos erros táticos, milhares deles. Estou certa
disso. Mas acredito fortemente
que foi a decisão estratégica correta, pois Saddam era uma ameaça à comunidade internacional
havia muito tempo", afirmou Rice durante uma entrevista coletiva em Blackburn, Reino Unido,
no primeiro dos dois dias de uma
visita oficial ao interior do país.
"Isso poderia ter sido dessa maneira, ou aquilo poderia ter sido
feito dessa, mas, quando você
olhar para a história, o que vai ser
julgado é se você tomou as decisões estratégicas corretas."
A secretária de Estado declarou
que, enquanto a ameaça do terrorismo permanecer, não há previsão para retirar as tropas americanas do país. "Seria um erro para
qualquer um deixar o Iraque à
mercê de Zarqawis [o terrorista
jordaniano Abu Musab al Zarqawi, líder da Al Qaeda no país] ou
dos ex-membros do Baath [extinto partido de Saddam], que realmente querem pôr a perder o processo de paz."
A programação de Rice foi marcada por protestos de ativistas antiguerra. Num país cujo governo
foi o maior aliado americano na
invasão do Iraque, mas que é famoso por suas organizações de
direitos humanos, ela defendeu o
compromisso dos EUA com as liberdades civis, a Justiça e a lei.
No discurso antes da entrevista
coletiva, centrado na política externa dos EUA, afirmou que os
americanos não desejam ser os
"carcereiros do mundo" e que interessa a Washington que todos
os terroristas que captura tenham
julgamentos adequados.
Alguns manifestantes vestiam
macacões laranjas como os dos
prisioneiros de Guantánamo -o
campo de detenção instalado em
uma base militar americana em
Cuba, onde os EUA mantêm os
prisioneiros da guerra ao terror
sem indiciamento e acesso à Justiça, e onde, segundo a ONU e entidades de direitos humanos, são
sistemáticos abusos e violações.
Rice, que foi acompanhada pelo
ministro das Relações Exteriores
britânico, Jack Straw, disse que
encarava normalmente as manifestações antiguerra. "As pessoas
têm o direito de protestar, é disso
que é feita a democracia. Não tenho problema com as pessoas
exercitando seus direitos democráticos. Fico igualmente -se
não mais- impressionada com
as calorosas boas-vindas."
Civis mortos
No Iraque, perduram o caos e a
violência. Um morteiro atingiu
ontem uma rua no bairro de Gaylani, nordeste de Bagdá, matando
três civis e ferindo outros três, segundo a polícia. Também ontem,
soldados da coalizão acharam
corpos de seis homens, entre 25 e
30 anos, baleados e algemados.
No bairro de Doura, sul da capital, três carros-bombas explodiram num mercado, ferindo gravemente ao menos seis pessoas.
Em Fallujah, oeste, um policial
foi morto por franco-atiradores.
Anteontem, pelo menos 27 pessoas foram mortas em ataques,
inclusive uma garota de 4 anos.
Os EUA sofreram duas baixas.
com agências internacionais
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