ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia da Argentina, Martín Lousteau, anunciou ontem que o aumento de impostos sobre a exportação de soja e girassol, que provocou o locaute rural no país, será devolvido aos pequenos produtores, 80% dos agricultores que cultivam esses grãos.
A medida faz parte de um pacote anunciado pelo governo para quem produz até 500 toneladas.
O pacote não agradou aos líderes ruralistas, que pediam suspensão do aumento de impostos por ao menos 90 dias e decidiram manter o locaute ao menos até amanhã.
Para o presidente da Federação Agrária Argentina, Eduardo Buzzi, as medidas "melhoram o diagnóstico, mas não modificam na essência a causa do conflito [subida de impostos]".
A paralisação em reação ao aumento da tributação sobre a exportação de grãos completou ontem 19 dias. Com o bloqueio de caminhões que levam alimentos, o locaute gerou falta de carne, laticínios e verduras.
Além da devolução do equivalente ao aumento de impostos, o governo prometeu compensações pelo transporte para os produtores que se encontram longe de portos, a abertura dos registros de exportação para o trigo, incentivos para a produção de leite, uma linha de crédito especial e a criação de uma subsecretaria voltada aos pequenos produtores.
A presidente Cristina Fernández de Kirchner cancelou a reunião que teria ontem com os líderes do locaute porque a paralisação, que seria a condição para o diálogo, não foi interrompida.
Os produtores de Gualeguaychu decidiram ontem barrar a passagem de caminhões vindos de outros países do Mercosul. Em resposta, o ministro da Justiça, Aníbal Fernández, disse que esses veículos "têm que passar e vão passar" e enviou a gendarmeria (polícia de fronteiras) ao local. Houve discussão e empurrões entre os dois grupos. Os produtores deixaram passar apenas veículos que carregavam leite e rações para frangos e porcos.


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