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Irã oferece ajuda para reconstrução afegã
Em conferência na Holanda, iraniano reage positivamente a convite dos EUA e encontra enviado especial de Obama
Teerã critica escalada militar americana no Afeganistão, mas promete apoio contra tráfico; Hillary confirma aceno a parte do Taleban
Bas Czerwinski/Associated Press
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Hamid Karzai (segundo à dir.), o presidente afegão, participa da conferência internacional sobre o país que reuniu ontem representantes de 72 nações em Haia
DA REDAÇÃO
O Irã ofereceu apoio a projetos de reconstrução afegã na
conferência internacional sobre o Afeganistão realizada ontem em Haia (Holanda), acenando positivamente ao convite americano. O país "está inteiramente preparado para
participar de projetos de combate ao tráfico de drogas e alinhados com o desenvolvimento e a reconstrução", disse o vice-chanceler Mohammad
Mehdi Akhundzadeh, representante de Teerã.
O diplomata iraniano se reuniu com o enviado especial dos
EUA ao Afeganistão e Paquistão, Richard Holbrooke. "Breve, cordial e não planejado", segundo a secretária de Estado
americana, Hillary Clinton, foi
o encontro de mais alto nível
entre funcionários dos dois países desde o início do governo de
Barack Obama.
No último dia 20, em mensagem "ao povo e aos líderes" iranianos por ocasião do Ano Novo persa, Obama pediu um "recomeço" nas relações bilaterais. Tensas, elas tinham piorado no governo de George W.
Bush, que incluiu o país no "eixo do mal" e promoveu sanções
ao programa nuclear iraniano.
"Como se pode falar do Afeganistão e excluir um Estado
vizinho? A presença do Irã aqui
é óbvia", disse Holbrooke. A
fronteira é fonte constante de
problemas para o Irã, que abriga 900 mil refugiados afegãos e
é a principal rota de escoamento do ópio do país.
Holbrooke e o vice-chanceler
iraniano concordaram em
manter contato, segundo Hillary. Irã e EUA romperam relações diplomáticas durante a
tomada de reféns na Embaixada americana em Teerã, uma
represália ao apoio americano
ao xá Mohamad Reza Pahlevi,
derrubado pela Revolução Islâmica de 1979.
Normalmente, os interesses
americanos no Irã são representados por diplomatas suíços. Ontem, porém, a delegação
dos EUA dispensou mediadores e entregou uma carta pedindo "ajuda humanitária" para o
retorno aos EUA de três americanos: o ex-agente do FBI Robert Levinson, desaparecido no
Irã, onde acredita-se que esteja
preso, a jornalista Roxana Saberi e a ativista Esha Momeni,
ambas irano-americanas.
Conciliação afegã
Em Haia, os EUA defenderam a conciliação com insurgentes afegãos dispostos a deixarem as armas, em sintonia
com a nova estratégia para o
Afeganistão, apresentada na última sexta-feira por Obama.
"Deve ser oferecida uma reconciliação honrosa e a reintegração em uma sociedade pacífica sempre que queiram abandonar a violência", disse Hillary, falando a representantes
de 72 países e ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
O presidente afegão, Hamid
Karzai, insistiu em que seu governo deve liderar os esforços
de conciliação política. Criticado por corrupção, ele vem perdendo apoio das potências ocidentais que mantêm tropas no
país -serão 91 mil soldados estrangeiros, com o reforço recém-ordenado por Obama.
O iraniano Akhundzadeh criticou o aumento das tropas. Os
gastos militares devem privilegiar o treinamento das forças
afegãs, disse. A estratégia também faz parte do novo plano
dos Estados Unidos, que enviarão 4.000 instrutores ao país.
Majoritariamente xiita, o Irã
jamais apoiou o Taleban, grupo
radical sunita. Mas Teerã vê a
presença militar ocidental como precedente perigoso e não
endossou a invasão liderada
pelos EUA, que derrubou o regime do Taleban em 2001.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, recebeu a
aproximação proposta por
Obama com cautela, cobrando
o fim das sanções ao país. Há sinais de que uma guinada pragmática já está em andamento.
"Agora é hora de apoiar a iniciativa americana, uma oportunidade única em uma geração",
disse ontem David Miliband,
chanceler do Reino Unido, tradicional aliado dos EUA.
Com agências internacionais
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