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Senadores americanos lançam projeto pró-Cuba
No Brasil, diplomata não descarta apoio de Obama à medida
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo bipartidário de senadores dos EUA, apoiado por
entidades empresariais e ativistas de direitos humanos,
apresentou ontem no Congresso um projeto para liberar viagens de qualquer cidadão americano a Cuba -uma proibição
com quase 40 anos de vida-,
em mais um movimento da
crescente pressão por mudança na política de Washington
em relação a Havana.
O fim total das restrições de
viagens a Cuba vai além das
promessas de campanha do
presidente Barack Obama, que
defendeu liberar viagens de cidadãos cubano-americanos à
ilha. No entanto, o chefe da diplomacia americana para as
Américas, Thomas Shannon,
não descartou ontem um apoio
do governo à medida.
Em conversa com jornalistas
em São Paulo, antes de participar de um evento do Conselho
das Américas, Shannon disse
que não conhecia o projeto do
Senado, mas afirmou que a liberação total das viagens a Cuba "é um passo que será avaliado" no âmbito da revisão da política americana para a ilha.
"Vamos agir passo a passo.
Esse passo será avaliado. Mas
agora o governo Obama está focado no primeiro passo", disse,
em referência ao fim das restrições tanto de viagens de cubano-americanos como do envio
de remessas a Cuba, outra promessa de Obama.
O grupo que apresentou o
projeto pró-ilha no Senado inclui o influente senador Richard Lugar, o mais graduado
republicano na Comissão de
Relações Exteriores da Casa, e
alega ter os votos para passar a
liberação também na Câmara.
No começo do mês, vencendo
resistência de anticastristas, o
Congresso afrouxou as restrições sobre a frequência de viagens à ilha e o tempo de estadia.
Shannon admitiu ontem que
Cuba é um tema importante
para toda a região e deve aparecer na Cúpula das Américas,
entre os dias 17 e 19 deste mês
em Trinidad e Tobago. Evitou
dizer, porém, se Obama fará algum aceno ao regime Raúl Castro no evento, o primeiro compromisso oficial dele na região.
"Temos observado com interesse a maneira como os países
latino-americanos estão buscando incorporar Cuba, como
no Grupo do Rio [no qual a ilha
entrou em dezembro]. Entendemos o propósito disso."
O secretário de Estado assistente para o Hemisfério Ocidental disse ainda que Obama
defenderá na cúpula aporte financeiro a bancos multilaterais
da região como meio de ajudar
os países centro-americanos,
dependentes da economia
americana e sem recursos, a
custear medidas anticrise.
Drogas e posto no Brasil
Shannon disse que o governo
Obama defende uma abordagem mais ampla para a luta antidrogas na região, com combate integrado ao crime organizado. Citou que essa recomendação aparece no relatório da Comissão Drogas e Democracia,
da qual participam ex-presidentes latino-americanos, entre eles Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002).
"É um relatório interessante,
do nosso ponto de vista", disse.
No documento, a comissão diz
que a "guerra às drogas" na região, custeada em grande parte
pelos EUA, falhou.
Cotado para ser o próximo
embaixador americano no Brasil, Shannon mostrou-se simpático à ideia. "É uma decisão
do presidente. [...] Mas obrigado pela pergunta", riu.
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