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APURAÇÃO
Relatório diz que serviço de inteligência alertou para ação do MRTA; generais são denunciados por negligência
Polícia peruana errou, acusa ministro
das agências internacionais
O serviço de
inteligência do
Peru sabia da
preparação do
ataque do
MRTA à casa do
embaixador japonês em Lima,
Morihisa Aoki, mas a polícia do
país, avisada, não tomou nenhuma providência para evitá-lo.
A acusação veio de dentro do
próprio governo, o que pode indicar uma disputa interna entre grupos ligados ao presidente do Peru,
Alberto Fujimori.
O ministro do Interior, general
César Saucedo, apresentou ontem
ao Congresso um informe sobre o
caso. Diz que as embaixadas de
EUA, Equador, Espanha e Japão
estavam sob a mira do Movimento
Revolucionário Tupac Amaru,
que afinal acabou invadindo a casa
do embaixador durante uma festa
em 17 de dezembro.
A invasão terminou na semana
passada, quando tropas de elite
ocuparam a casa, mataram todos
os 14 terroristas e libertaram 71 reféns. Na ação morreram ainda 2
militares e 1 refém.
Segundo o relatório do ministro,
a ação do MRTA só foi possível por
uma total falta de prevenção por
parte da Polícia Nacional.
Dois generais da polícia que estiveram entre os reféns, Máximo Rivera Díaz, chefe da Direção Nacional Contra o Terrorismo, e Guillermo Bobbio Zevallos, ex-chefe
da Direção de Segurança do Estado, foram formalmente acusados
pelo Ministério Público de negligência e desobediência.
Outros 16 oficiais, inclusive 3 generais, foram submetidos a medidas disciplinares e também denunciados ao Conselho Supremo de
Justiça Militar.
O relatório do ministro é uma vitória para Vladimiro Montesinos,
o homem forte do serviço de inteligência, contra o qual haviam sido
feitas acusações de incompetência.
Segundo o informe, desde outubro o MRTA estava levando guerrilheiros para Lima e preparando-os para uma ação.
A polícia, diz o documento do
ministro, sabia que o grupo preparava um sequestro ou um ataque
contra a cadeia onde está presa a
viúva de Néstor Cerpa Cartolini.
Cerpa foi o líder do sequestro na
casa de Aoki. Nancy Gilvonio, sua
viúva, está na prisão de Yanamayo.
Libertar um grupo de guerrilheiros, entre eles Gilvonio, era a principal reivindicação de Cerpa durante os 126 dias do sequestro.
Ontem, a mãe de Néstor Cerpa,
Felicita Cartolini, que vive na
França, disse estar preocupada
com retaliações que sua nora possa
sofrer. Gilvonio cumpre pena de
prisão perpétua por seu envolvimento com a guerrilha.
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