São Paulo, quinta, 1 de maio de 1997.

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APURAÇÃO
Relatório diz que serviço de inteligência alertou para ação do MRTA; generais são denunciados por negligência
Polícia peruana errou, acusa ministro

das agências internacionais


O serviço de inteligência do Peru sabia da preparação do ataque do MRTA à casa do embaixador japonês em Lima, Morihisa Aoki, mas a polícia do país, avisada, não tomou nenhuma providência para evitá-lo.
A acusação veio de dentro do próprio governo, o que pode indicar uma disputa interna entre grupos ligados ao presidente do Peru, Alberto Fujimori.
O ministro do Interior, general César Saucedo, apresentou ontem ao Congresso um informe sobre o caso. Diz que as embaixadas de EUA, Equador, Espanha e Japão estavam sob a mira do Movimento Revolucionário Tupac Amaru, que afinal acabou invadindo a casa do embaixador durante uma festa em 17 de dezembro.
A invasão terminou na semana passada, quando tropas de elite ocuparam a casa, mataram todos os 14 terroristas e libertaram 71 reféns. Na ação morreram ainda 2 militares e 1 refém.
Segundo o relatório do ministro, a ação do MRTA só foi possível por uma total falta de prevenção por parte da Polícia Nacional.
Dois generais da polícia que estiveram entre os reféns, Máximo Rivera Díaz, chefe da Direção Nacional Contra o Terrorismo, e Guillermo Bobbio Zevallos, ex-chefe da Direção de Segurança do Estado, foram formalmente acusados pelo Ministério Público de negligência e desobediência.
Outros 16 oficiais, inclusive 3 generais, foram submetidos a medidas disciplinares e também denunciados ao Conselho Supremo de Justiça Militar.
O relatório do ministro é uma vitória para Vladimiro Montesinos, o homem forte do serviço de inteligência, contra o qual haviam sido feitas acusações de incompetência.
Segundo o informe, desde outubro o MRTA estava levando guerrilheiros para Lima e preparando-os para uma ação.
A polícia, diz o documento do ministro, sabia que o grupo preparava um sequestro ou um ataque contra a cadeia onde está presa a viúva de Néstor Cerpa Cartolini.
Cerpa foi o líder do sequestro na casa de Aoki. Nancy Gilvonio, sua viúva, está na prisão de Yanamayo. Libertar um grupo de guerrilheiros, entre eles Gilvonio, era a principal reivindicação de Cerpa durante os 126 dias do sequestro.
Ontem, a mãe de Néstor Cerpa, Felicita Cartolini, que vive na França, disse estar preocupada com retaliações que sua nora possa sofrer. Gilvonio cumpre pena de prisão perpétua por seu envolvimento com a guerrilha.

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