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ZAIRE
Reunião com Kabila será amanhã
Sob pressão,
Mobutu vai
a encontro
das agências internacionais
As lideranças em luta no Zaire
marcaram data para o seu primeiro encontro: será amanhã, a bordo
de um navio sul-africano que vai
zarpar do vizinho Congo.
O diplomata americano Bill Richardson dissipou as dúvidas sobre a participação do presidente
Mobutu Sese Seko: "O encontro
vai acontecer na sexta-feira, em
águas internacionais", disse.
A reunião é mediada pela África
do Sul e representa uma vitória política para a liderança continental
do presidente Nelson Mandela.
O encontro foi anunciado na terça-feira, mas horas depois surgiram rumores de que Mobutu se recusaria a embarcar.
Segundo Richardson, que é embaixador dos Estados Unidos na
ONU e foi enviado à África especialmente para tentar encerrar a
guerra civil, o barco vai sair de Libreville, a capital do Congo. Só o
rio Congo separa Libreville de
Kinshasa, a capital do Zaire.
Um dos filhos de Mobutu, Nzanga, disse que o pai cogitava não ir
porque achava que o barco não
apresenta segurança para a reunião. O argumento ofendeu as autoridades sul-africanas, que já deslocaram o quebra-gelo SAS Outeniqua, um dos orgulhos da pequena Marinha do país, para a região.
A cúpula deve ser mediada por
Mandela. Kabila vinha dizendo
que só se reuniria com seu inimigo
para receber dele o governo do
Zaire -não se sabe se a transferência de poder acontece amanhã.
O grupo de Kabila já domina a
metade leste do Zaire e parece ter
pouca dificuldade para chegar a
Kinshasa (capital) se a guerra civil
durar mais algumas semanas.
Os rebeldes oferecem a Mobutu
uma espécie de "asilo interno"
em sua região natal; a África do Sul
já anunciou que se dispõe a receber
o presidente, que está no poder há
quase 32 anos.
Refugiados
Mobutu já perdeu todo o prestígio internacional de que dispunha,
mas Kabila também enfrenta desconfianças, principalmente devido à crise humanitária que envolve
refugiados ruandeses na área sob
seu controle.
Esse refugiados são de etnia hutu
e foram para o Zaire quando seu
grupo perdeu a guerra civil para os
tutsis em Ruanda. Agora, esses
mesmos refugiados são perseguidos pelos tutsis do Zaire, que formam a maioria do grupo de Kabila, um veterano líder guerrilheiro
esquerdista.
Ontem a ONU levou os primeiros 236 refugiados -crianças desacompanhadas, na maioria- de
volta para Ruanda. Dois outros
vôos não puderam decolar por falta de combustível.
Kabila deu dois meses para a
ONU retirar os hutus de sua região; a ONU acusa os guerrilheiros
de praticar massacres e desalojá-los de seus campos.
Kabila aproveitou uma reunião
com o Richardson para tentar melhorar a sua imagem na crise humanitária: disse que pretende castigar qualquer um que mate refugiados hutus.
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