|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE OCUPADO
Jornal britânico "Daily Mirror" publica nova denúncia de violências contra prisioneiros iraquianos
Bush e Blair se dizem chocados com tortura
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George
W. Bush, disse ontem estar "profundamente enojado" pelas fotos
que mostram soldados americanos torturando prisioneiros iraquianos. No Reino Unido, um
porta-voz do governo declarou
que o primeiro-ministro Tony
Blair afirmou estar "horrorizado"
com as imagens divulgadas pela
rede de TV CBS.
Também ontem, o jornal "Daily
Mirror" divulgou novas fotos de
violência contra iraquianos. Nesse caso, porém, segundo o jornal,
elas foram cometidas por soldados britânicos.
Nas fotos exibidas pela CBS na
quarta-feira, soldados aparecem
obrigando iraquianos nus a simular atos sexuais. Em uma delas,
um prisioneiro está com fios elétricos presos em suas mãos. As
imagens foram feitas no final de
2003, na prisão de Abu Ghraib,
próxima de Bagdá.
"Não gostei nem um pouco.
Mas também quero lembrar que
aquelas poucas pessoas que fizeram isso não refletem a natureza
dos homens e mulheres que mandamos ao exterior. Haverá uma
investigação. Acho que vão tomar
conta deles", afirmou Bush.
Em 20 de março, o Exército
anunciou que seis soldados iriam
ser acusados por crimes cometidos em Abu Ghraib. Ao todo, 17
militares foram afastados devido
à descoberta das fotos.
O comando militar está avaliando se tomará medidas contra a general Janis Karpinski, que chefiava a prisão na época em que as fotos foram feitas -acredita-se que
elas foram tiradas por soldados
que participaram das ações. Se for
punida, ela poderá perder seu
posto de comando, deixar de ser
promovida ou ainda receber uma
carta de reprimenda.
O general Mark Kimmitt, vice-chefe de operações americanas no
Iraque, disse que os EUA decidiram transferir o comandante da
prisão de Guantánamo, general
Geoffrey Miller, para o Iraque,
onde ficará encarregado das prisões da coalizão. Organizações de
defesa dos direitos humanos já
protestaram contra o tratamento
dado aos "combatentes inimigos"
mantidos em Guantánamo.
O porta-voz de Blair disse que as
imagens são "lamentáveis" e
"pressupõem uma infração clara
da política de atuação da coalizão". Por outro lado, autoridades
militares britânicas confirmaram
que estão investigando novas denúncias de abusos. O "Daily Mirror" publica na edição de hoje um
militar urinando em um iraquiano. O preso foi espancado e teve
seus dentes quebrados por soldados britânicos.
O Ministério da Defesa do Reino Unido informou ontem que o
comando militar está avaliando se
vai processar oito soldados por
um outro caso de abuso, denunciado em maio do ano passado.
Um porta-voz do secretário-geral da ONU informou que Kofi
Annan estava "profundamente
perturbado". A Anistia Internacional disse que os abusos revelados "não são um incidente isolado". A Cruz Vermelha afirmou
que as fotos são "perturbadoras e
preocupantes".
A exibição das imagens foi parar nas manchetes de jornais de
todo o mundo anteontem, gerando uma grande onda de indignação. A rede árabe de TV Al Jazira
disse que as fotos documentam as
"práticas imorais" das forças de
ocupação. A rede concorrente Al
Arabiya afirmou que as imagens
mostram a "selvageria" dos soldados americanos.
Apesar de as fotos terem sido divulgadas em primeira mão pela
CBS, a imprensa americana não
repercutiu sua exibição com a
mesma intensidade observada na
mídia internacional. Antes de a
Casa Branca se manifestar, as cadeias de TV, com a exceção da
CBS, deram pouca ou nenhuma
atenção ao caso.
Ainda que os envolvidos na tortura dos iraquianos sejam punidos, os danos causados à imagem
dos EUA no Oriente Médio serão
imensos. "Isso vai aumentar entre
os iraquianos o sentimento de insatisfação com os americanos. A
resistência vai tentar explorar esses incidentes dolorosos", disse
Mahmoud Othman, membro do
Conselho de Governo Iraquiano.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Entrada não garante aos novos sócios sucesso econômico imediato Próximo Texto: ONU apóia xiita secular para ser premiê interino Índice
|