São Paulo, sábado, 01 de maio de 2004

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AMÉRICA DO SUL

Processo contra ex-presidente irá para a Corte Suprema, que poderá demorar até seis meses para decidir

Justiça argentina pede ao Chile extradição de Menem

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

O governo do Chile recebeu ontem do governo argentino um pedido de extradição do ex-presidente Carlos Menem (1989-99). O documento, assinado pelo juiz federal Jorge Urso, ainda terá que ser enviado pela Chancelaria chilena à Corte Suprema para que seja iniciado o processo, o qual pode levar seis meses.
O pedido de extradição foi feito após serem emitidos dois pedidos de captura internacional do ex-presidente na semana passada, um deles pelo próprio Urso e outro pelo juiz Norberto Oyarbide.
O advogado de Menem no Chile, Daniel Zaliasnick, afirmou ao diário chileno "La Segunda" não ver razão para o pedido "porque o ex-presidente não é um foragido da Justiça, nem processado, acusado ou condenado".
A decisão foi tomada depois que Menem faltou, pela quarta vez, a uma audiência dentro de processo sobre superfaturamento na construção de duas penitenciárias na Província de Buenos Aires, no qual o ex-presidente está imputado por fraude fiscal. Ele também está sendo investigado por supostamente possuir uma conta bancária na Suíça na qual estariam depositados US$ 600 milhões.
Segundo Oyarbide, as desculpas usadas por Menem para não se apresentar à Justiça haviam se tornado "pateticamente desvirtuadas" após a divulgação de imagens que o mostravam "na prática alegre de uma dança étnica".
As imagens, transmitidas pela TV argentina, mostravam Menem dançando com uma odalisca numa festa em Santiago do Chile. Para justificar sua ausência no depoimento, o ex-presidente alegara que estava com uma lesão no braço direito.
Menem diz que não voltará à Argentina para depor até que tenha garantias, pois afirma que está sendo perseguido politicamente e que, se voltar, passará "o resto da vida na cadeia".
Mas nos últimos dias a situação judicial do ex-presidente na Argentina se complicou ainda mais. Uma nova causa irá investigar o pagamento de salários extra-oficiais a funcionários de primeiro escalão durante seu governo.
Roberto Martínez Medina, ex-secretário de Granillo Ocampo, um dos ex-ministros menemistas, afirmou que diversos ministros e secretários de Estado recebiam "salários extras" de até US$ 50 mil mensais pagos com "fundos reservados" no Orçamento do governo, que são repassados a determinados ministérios sem controle de gastos. Outros ex-funcionários confirmaram a informação.
A Justiça também já iniciou uma investigação para descobrir o destino de US$ 3,39 bilhões gastos pelo governo Menem como parte desses fundos. Desse total, US$ 2,35 bilhões foram usados pela Side (Secretaria de Inteligência do Estado), segundo relatório coordenado pelo juiz Rodolfo Canicobal Corral.
Além desses processos, Menem é investigado por supostamente ter liderado uma rede ilegal de venda de armas para Croácia e para o Equador entre 1991 e 1995 -inquérito pelo qual o ex-presidente passou seis meses em 2001 sob regime de prisão domiciliar.


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