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AMÉRICA DO SUL
Processo contra ex-presidente irá para a Corte Suprema, que poderá demorar até seis meses para decidir
Justiça argentina pede ao Chile extradição de Menem
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
O governo do Chile recebeu ontem do governo argentino um pedido de extradição do ex-presidente Carlos Menem (1989-99). O
documento, assinado pelo juiz federal Jorge Urso, ainda terá que
ser enviado pela Chancelaria chilena à Corte Suprema para que seja iniciado o processo, o qual pode
levar seis meses.
O pedido de extradição foi feito
após serem emitidos dois pedidos
de captura internacional do ex-presidente na semana passada,
um deles pelo próprio Urso e outro pelo juiz Norberto Oyarbide.
O advogado de Menem no Chile, Daniel Zaliasnick, afirmou ao
diário chileno "La Segunda" não
ver razão para o pedido "porque o
ex-presidente não é um foragido
da Justiça, nem processado, acusado ou condenado".
A decisão foi tomada depois que
Menem faltou, pela quarta vez, a
uma audiência dentro de processo sobre superfaturamento na
construção de duas penitenciárias
na Província de Buenos Aires, no
qual o ex-presidente está imputado por fraude fiscal. Ele também
está sendo investigado por supostamente possuir uma conta bancária na Suíça na qual estariam
depositados US$ 600 milhões.
Segundo Oyarbide, as desculpas
usadas por Menem para não se
apresentar à Justiça haviam se
tornado "pateticamente desvirtuadas" após a divulgação de imagens que o mostravam "na prática
alegre de uma dança étnica".
As imagens, transmitidas pela
TV argentina, mostravam Menem dançando com uma odalisca
numa festa em Santiago do Chile.
Para justificar sua ausência no depoimento, o ex-presidente alegara que estava com uma lesão no
braço direito.
Menem diz que não voltará à
Argentina para depor até que tenha garantias, pois afirma que está sendo perseguido politicamente e que, se voltar, passará "o resto
da vida na cadeia".
Mas nos últimos dias a situação
judicial do ex-presidente na Argentina se complicou ainda mais.
Uma nova causa irá investigar o
pagamento de salários extra-oficiais a funcionários de primeiro
escalão durante seu governo.
Roberto Martínez Medina, ex-secretário de Granillo Ocampo,
um dos ex-ministros menemistas,
afirmou que diversos ministros e
secretários de Estado recebiam
"salários extras" de até US$ 50 mil
mensais pagos com "fundos reservados" no Orçamento do governo, que são repassados a determinados ministérios sem controle de gastos. Outros ex-funcionários confirmaram a informação.
A Justiça também já iniciou
uma investigação para descobrir
o destino de US$ 3,39 bilhões gastos pelo governo Menem como
parte desses fundos. Desse total,
US$ 2,35 bilhões foram usados
pela Side (Secretaria de Inteligência do Estado), segundo relatório
coordenado pelo juiz Rodolfo Canicobal Corral.
Além desses processos, Menem
é investigado por supostamente
ter liderado uma rede ilegal de
venda de armas para Croácia e
para o Equador entre 1991 e 1995
-inquérito pelo qual o ex-presidente passou seis meses em 2001
sob regime de prisão domiciliar.
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