São Paulo, sábado, 01 de maio de 2004

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AMÉRICA CENTRAL

País deve contribuir com 1.400 homens em sua primeira missão de paz internacional desde os anos 90

ONU autoriza envio de força liderada pelo Brasil ao Haiti

RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

O Conselho de Segurança da ONU autorizou ontem o envio de uma força de estabilização ao Haiti com cerca de 6.700 soldados e 1.625 policiais civis. A operação será comandada pelo Brasil, confirmou o representante do país na entidade, Ronaldo Sardenberg.
Do total de soldados, mais de 1.400 (dois batalhões) devem ser brasileiros, o que dará ao país a maior fração das forças que trabalharão no Haiti a partir de junho.
A participação de outros países sul-americanos, como Argentina, Paraguai, Peru e Chile é dada como "quase certa", além da de tropas do Caribe, da África e da Ásia. Já a participação dos EUA ainda é uma incógnita.
O Haiti passou por uma crise política que culminou no exílio do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide em 28 de fevereiro, segundo ele por pressão dos EUA. Seu partido foi acusado de fraudar as eleições legislativas de 2000.
Manifestações contra a corrupção e o governo Aristide levaram a confrontos que causaram mais de 80 mortes. O país tem 7,5 milhões de habitantes e é o mais pobre das Américas.
A última grande missão desse tipo realizada pelo Brasil foi em Angola, em meados dos anos 90, quando contribuiu com 800 homens de infantaria, 200 de engenharia, 40 médicos e assistentes e 40 oficiais do Estado-Maior.
A nova missão terá duração inicial de seis meses, renováveis após nova aprovação da ONU. Como sua tarefa de estabilização -que inclui o desarmamento de grupos rivais no país- só estará cumprida após a realização de eleições, previstas para ocorrerem em até 18 meses, diplomatas dão como quase certa a estada no país por pelo menos um ano e meio.
A missão comandada pela ONU substituirá a força de paz composta por soldados dos EUA, França, Canadá e Chile.
A volta do Brasil às operações de paz, e o comando dessa missão, é vista como um passo importante na estratégia do país de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
No início do mês, o ministro José Viegas (Defesa) disse: "É uma operação que valoriza o Brasil como candidato a membro permanente do Conselho de Segurança. Mostra nossa capacidade de contribuir para a paz e a segurança internacional".
Segundo o embaixador Sardenberg, a missão de estabilização tem entre seus objetivos uma "estratégia de longo prazo" de combate à pobreza no Haiti. Também caberá aos militares comandados pelo Brasil assegurar a estabilidade política no país até a realização de eleições, proteger os civis e fazer uso da força se necessário.
A assessoria do Ministério da Defesa informou ontem que só iria se pronunciar sobre a questão "assim que houver novidades" -ou seja, o pedido formal para o envio de soldados e eventual liderança da tropa multinacional.
No começo de abril, o ministério divulgara que o país estava pronto para enviar 1.470 homens do Exército, Marinha e Aeronáutica caso a ONU requisitasse.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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