|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AMÉRICA CENTRAL
País deve contribuir com 1.400 homens em sua primeira missão de paz internacional desde os anos 90
ONU autoriza envio de força liderada pelo Brasil ao Haiti
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
O Conselho de Segurança da
ONU autorizou ontem o envio de
uma força de estabilização ao
Haiti com cerca de 6.700 soldados
e 1.625 policiais civis. A operação
será comandada pelo Brasil, confirmou o representante do país na
entidade, Ronaldo Sardenberg.
Do total de soldados, mais de
1.400 (dois batalhões) devem ser
brasileiros, o que dará ao país a
maior fração das forças que trabalharão no Haiti a partir de junho.
A participação de outros países
sul-americanos, como Argentina,
Paraguai, Peru e Chile é dada como "quase certa", além da de tropas do Caribe, da África e da Ásia.
Já a participação dos EUA ainda é
uma incógnita.
O Haiti passou por uma crise
política que culminou no exílio do
ex-presidente Jean-Bertrand
Aristide em 28 de fevereiro, segundo ele por pressão dos EUA.
Seu partido foi acusado de fraudar as eleições legislativas de 2000.
Manifestações contra a corrupção e o governo Aristide levaram
a confrontos que causaram mais
de 80 mortes. O país tem 7,5 milhões de habitantes e é o mais pobre das Américas.
A última grande missão desse
tipo realizada pelo Brasil foi em
Angola, em meados dos anos 90,
quando contribuiu com 800 homens de infantaria, 200 de engenharia, 40 médicos e assistentes e
40 oficiais do Estado-Maior.
A nova missão terá duração inicial de seis meses, renováveis após
nova aprovação da ONU. Como
sua tarefa de estabilização -que
inclui o desarmamento de grupos
rivais no país- só estará cumprida após a realização de eleições,
previstas para ocorrerem em até
18 meses, diplomatas dão como
quase certa a estada no país por
pelo menos um ano e meio.
A missão comandada pela ONU
substituirá a força de paz composta por soldados dos EUA,
França, Canadá e Chile.
A volta do Brasil às operações
de paz, e o comando dessa missão, é vista como um passo importante na estratégia do país de
se tornar membro permanente do
Conselho de Segurança da ONU.
No início do mês, o ministro José Viegas (Defesa) disse: "É uma
operação que valoriza o Brasil como candidato a membro permanente do Conselho de Segurança.
Mostra nossa capacidade de contribuir para a paz e a segurança internacional".
Segundo o embaixador Sardenberg, a missão de estabilização
tem entre seus objetivos uma "estratégia de longo prazo" de combate à pobreza no Haiti. Também
caberá aos militares comandados
pelo Brasil assegurar a estabilidade política no país até a realização
de eleições, proteger os civis e fazer uso da força se necessário.
A assessoria do Ministério da
Defesa informou ontem que só
iria se pronunciar sobre a questão
"assim que houver novidades"
-ou seja, o pedido formal para o
envio de soldados e eventual liderança da tropa multinacional.
No começo de abril, o ministério divulgara que o país estava
pronto para enviar 1.470 homens
do Exército, Marinha e Aeronáutica caso a ONU requisitasse.
Colaborou a Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Venezuela: Chavistas aprovam no Congresso ampliação do Supremo Tribunal Próximo Texto: Panorâmica - Autoridade palestina: Annan critica Arafat por não barrar terror Índice
|