São Paulo, domingo, 01 de maio de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Para investigadores, trata-se de assassinato coletivo de curdos ocorrido no final dos anos 80, sob Saddam

Cova com 1.500 corpos é achada no Iraque

DA REUTERS

Investigadores descobriram no sul do Iraque uma vala comum com cerca de 1.500 cadáveres, a maioria de mulheres, crianças e adolescentes aparentemente assassinados no local. Para os especialistas, os corpos em sua maior parte são de curdos que foram removidos à força de seus lares no final da década de 1980, sob a ditadura de Saddam Hussein.
O local, perto da cidade de Samawa (cerca de 300 km ao sul de Bagdá), consiste de 18 trincheiras rasas cavadas por escavadeiras mecânicas num solo rochoso. Foi localizado pela primeira vez no ano passado, pela autoridade provisória comandada pelos americanos. Mas seu exame detalhado só começou no início de abril e foi concluído no domingo passado.
A maior parte das vítimas era de mulheres e crianças que foram aparentemente alinhadas em frente às covas e assassinadas com fuzis russos AK-47, de acordo com um americano que integra a equipe de investigadores.
Até agora, 110 corpos foram retirados. Cerca de dois terços são de crianças e adolescentes.
Especialistas forenses estão examinando os cadáveres, e suas conclusões devem ajudar a embasar os processos judiciais por crimes de guerra, contra a humanidade, e de genocídio que estão sendo movidos contra Saddam e seus principais assessores referentes à ditadura (1979-2003).
Essa é uma das cerca de 300 covas coletivas que, segundo autoridades iraquianas e americanas, foram descobertas no território do Iraque após a queda do regime de Saddam. Algumas continham apenas poucos corpos; em outras, como em uma localizada perto de Basra (sul), havia vários milhares.
A migração forçada de curdos -que habitavam o norte do país- para o sul, segundo um investigador do escritório americano que auxilia autoridades iraquianas na identificação dos crimes, provavelmente ocorreu entre 1987 e 1988, quando o regime de Saddam empreendeu uma grande ofensiva contra a minoria curda. A ditadura de Saddam é acusada de ter assassinado, com gás letal, cerca de 5.000 curdos residentes no vilarejo de Halabja, próximo da fronteira com o Irã.

Novos atentados
Três carros-bomba que alvejavam unidades militares iraquianas e americanas, explodiram ontem na região de Bagdá. Quatro morreram e 16 ficaram feridos em conseqüência dos ataques. As explosões ocorrem um dia após uma série de 11 ataques.
A recruta americana Lynddie England, que aparece em fotos reveladas em 2004 maltratando e humilhando sexualmente iraquianos na prisão de Abu Ghraib, vai se declarar culpada de conspiração, maus-tratos e descumprimento de suas funções ante uma corte militar hoje. A pena pode chegar 16 anos e meio de prisão.


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