São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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Londres elege prefeito hoje em teste para Brown

Disputa entre trabalhista Livingstone e Boris Johnson é primeira a provar premiê na urna

Pesquisas mostram corrida acirrada após conservador liderar com folga; baixa popularidade de Brown é barreira para atual prefeito

PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES

Em uma eleição apertadíssima, os londrinos vão às urnas hoje escolher seu prefeito, o cargo mais importante eleito por voto direto no Reino Unido -o premiê é escolhido pelo Parlamento e não há governadores. O trabalhista (centro-esquerda) Ken Livingstone tenta o terceiro mandato e tem como maior rival o conservador (centro-direita) Boris Johnson.
A disputa terá repercussões nacionais e é encarada por analistas como o primeiro teste eleitoral do premiê Gordon Brown (trabalhista), que chegou ao poder em junho do ano passado e enfrenta desde então uma sucessão de crises.
A mais recente foi a revelação de que nem seu antecessor Tony Blair, figura reverenciada no Partido Trabalhista, crê em uma vitória de Brown nas próximas eleições nacionais, que têm de ocorrer até junho de 2010. A divulgação, feita por um confidente de Blair, foi desmentida pelo ex-premiê, mas o estrago já estava feito.
As últimas pesquisas mostram uma disputa acirrada, e nenhum analista se arrisca a apontar o vencedor. A diferença entre Johnson e Livingstone, que já foi de mais de dez pontos para o conservador, se dissolveu em empate técnico.
"Se Livingstone perder, o que pode muito bem ocorrer, haverá uma grande busca pelo culpado, e certamente muita gente apontará o dedo para a impopularidade de Brown", disse à Folha Paul Kelly, professor da London School of Economics and Political Science.
Londres tornou-se parte de uma minoria de cidades britânicas a eleger diretamente o prefeito após um referendo em 1998, e Livingstone ocupa o cargo desde a primeira eleição, em 2000 (mesmo com eleição direta, não há limite de mandatos). Na maioria dos casos, os cidadãos votam nos vereadores, e estes indicam um deles para exercer o Executivo.
Com a capital, votam hoje 159 cidades, com cerca de 4.000 cadeiras em disputa -e o quadro é desanimador para Brown. Há quatro anos, com os mesmos postos em disputa, os trabalhistas tiveram apenas 26% dos lugares. A previsão é que hoje se saiam ainda pior.
O vencedor de hoje terá um Orçamento anual de cerca de 11 bilhões de libras (R$ 38,5 bilhões) para administrar e tocará projetos de grande importância, como a preparação para a Olimpíada de 2012.

Extrema-direita
Apesar do foco na Prefeitura de Londres, a eleição para as 25 cadeiras da Câmara Municipal também pode virar notícia. Pela primeira vez um partido de extrema-direita tem possibilidade real de obter uma cadeira.
O BNP (Partido Nacionalista Britânico) chegou perto de conquistar uma vaga em 2004, e pesquisas indicam que desta vez deve conseguir. Com 5% dos votos, um lugar está automaticamente garantido.
O partido se apóia numa plataforma radical antiislâmica e de diferenças raciais. Depois dos atentados no sistema de transporte londrino em 2005, distribuiu panfletos dizendo que "talvez agora seja a hora de ouvir o BNP".


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