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Londres elege prefeito hoje em teste para Brown
Disputa entre trabalhista Livingstone e Boris Johnson é primeira a provar premiê na urna
Pesquisas mostram corrida acirrada após conservador liderar com folga; baixa popularidade de Brown é barreira para atual prefeito
PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES
Em uma eleição apertadíssima, os londrinos vão às urnas
hoje escolher seu prefeito, o
cargo mais importante eleito
por voto direto no Reino Unido
-o premiê é escolhido pelo
Parlamento e não há governadores. O trabalhista (centro-esquerda) Ken Livingstone tenta
o terceiro mandato e tem como
maior rival o conservador (centro-direita) Boris Johnson.
A disputa terá repercussões
nacionais e é encarada por analistas como o primeiro teste
eleitoral do premiê Gordon
Brown (trabalhista), que chegou ao poder em junho do ano
passado e enfrenta desde então
uma sucessão de crises.
A mais recente foi a revelação
de que nem seu antecessor
Tony Blair, figura reverenciada
no Partido Trabalhista, crê em
uma vitória de Brown nas próximas eleições nacionais, que
têm de ocorrer até junho de
2010. A divulgação, feita por
um confidente de Blair, foi desmentida pelo ex-premiê, mas o
estrago já estava feito.
As últimas pesquisas mostram uma disputa acirrada, e
nenhum analista se arrisca a
apontar o vencedor. A diferença entre Johnson e Livingstone, que já foi de mais de dez
pontos para o conservador, se
dissolveu em empate técnico.
"Se Livingstone perder, o que
pode muito bem ocorrer, haverá uma grande busca pelo culpado, e certamente muita gente
apontará o dedo para a impopularidade de Brown", disse à
Folha Paul Kelly, professor da
London School of Economics
and Political Science.
Londres tornou-se parte de
uma minoria de cidades britânicas a eleger diretamente o
prefeito após um referendo em
1998, e Livingstone ocupa o
cargo desde a primeira eleição,
em 2000 (mesmo com eleição
direta, não há limite de mandatos). Na maioria dos casos, os
cidadãos votam nos vereadores, e estes indicam um deles
para exercer o Executivo.
Com a capital, votam hoje
159 cidades, com cerca de
4.000 cadeiras em disputa -e o
quadro é desanimador para
Brown. Há quatro anos, com os
mesmos postos em disputa, os
trabalhistas tiveram apenas
26% dos lugares. A previsão é
que hoje se saiam ainda pior.
O vencedor de hoje terá um
Orçamento anual de cerca de 11
bilhões de libras (R$ 38,5 bilhões) para administrar e tocará projetos de grande importância, como a preparação para
a Olimpíada de 2012.
Extrema-direita
Apesar do foco na Prefeitura
de Londres, a eleição para as 25
cadeiras da Câmara Municipal
também pode virar notícia. Pela primeira vez um partido de
extrema-direita tem possibilidade real de obter uma cadeira.
O BNP (Partido Nacionalista
Britânico) chegou perto de
conquistar uma vaga em 2004,
e pesquisas indicam que desta
vez deve conseguir. Com 5%
dos votos, um lugar está automaticamente garantido.
O partido se apóia numa plataforma radical antiislâmica e
de diferenças raciais. Depois
dos atentados no sistema de
transporte londrino em 2005,
distribuiu panfletos dizendo
que "talvez agora seja a hora de
ouvir o BNP".
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