São Paulo, sexta, 1 de maio de 1998

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CINQUENTENÁRIO
No dia do jubileu, premiê de Israel diz que um novo Estado árabe ameaçaria a segurança do país
Netanyahu descarta Estado palestino

das agências internacionais

Enquanto Israel celebrava com paradas militares e um grande espetáculo noturno o dia de seu cinquentenário, ontem, seu primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, descartou a possibilidade de criação de um Estado palestino.
Questionado se o seu governo concordaria algum dia com a fundação de um novo Estado no Oriente Médio, Netanyahu respondeu: "Não, por causa das associações que a palavra Estado traz consigo. Um Estado poderia construir um forte poderio militar, um Exército com mísseis, foguetes, metralhadoras, nas colinas próximas a Tel Aviv".
O líder da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, já anunciou que pretende declarar um Estado nos territórios que administra, na Faixa de Gaza e Cisjordânia, em maio do ano que vem. Pelos acordos de paz de 1993, esta seria a data limite para o acerto do status final da ANP.
A secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright, vai se encontrar separadamente, na segunda-feira, em Londres, com Arafat e Netanyahu. Na pauta das negociações estará uma nova retirada de tropas israelenses de parte da Cisjordânia.
Os EUA pressionam Israel para que entreguem à ANP mais 13% da Cisjordânia. No telegrama que enviou ao primeiro-ministro israelense, com cumprimentos pelo 50º aniversário de Israel, o presidente dos EUA, Bill Clinton, lembrou Netanyahu sobre o caminho que ainda falta percorrer para conseguir a paz na região.
Divisão interna
Manifestantes da direita religiosa e da esquerda pacifista israelense escolheram o mesmo lugar, ontem, para fazer seus protestos contra e a favor do avanço nas negociações com os palestinos: as colinas de Har Homa (Jabal Abu Ghneim, em árabe), no setor oriental de Jerusalém.
O local se tornou um emblema da crise no processo de paz, paralisado desde março do ano passado, quando Netanyahu decidiu erguer colônias judaicas nessa porção árabe da cidade.
A polícia teve de formar uma barreira de isolamento entre os manifestantes dos diferentes grupos. Um integrante do Paz Agora foi preso ao ultrapassar o cordão policial para tentar impedir que os militantes de direita chegassem às colinas de Har Homa.
Comemoração
As cidades israelenses da costa do mar Mediterrâneo assistiram ontem a exibições de navios, aviões e pára-quedistas do Exército. As apresentações aeronáuticas começavam com o vôo do Spitfire Negro, aeronave utilizada por Israel na guerra de 1948.
O vice-presidente dos EUA, Al Gore, viajou a Israel para acompanhar as comemorações.
Ao chegar ao aeroporto de Tel Aviv, Gore teve de esperar por cerca de meia hora dentro do avião, enquanto agentes de segurança dos EUA e de Israel chegavam a um acordo sobre quem faria o serviço de guarda-costas do representante americano.
Os israelenses aproveitaram o primeiro dia do feriado prolongado e lotaram as praias de Tel Aviv. Temendo atentados prometidos pelo grupo extremista islâmico Hamas, o país fechou suas fronteiras com os territórios autônomos palestinos, que só devem ser reabertas amanhã à noite.
O esperado espetáculo "Sinos do Jubileu", que reuniu em um estádio de Jerusalém os principais artistas do país em uma produção de US$ 7 milhões, encerrou as comemorações de ontem. No discurso de abertura, o premiê Netanyahu foi aplaudido ao dizer: "Nós unimos Jerusalém, e ela não será novamente dividida".



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