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ANIVERSÁRIO
Em um ano de governo, premiê obtém vitórias domésticas e aumenta prestígio internacional do Reino Unido
Blair ainda procura a sua "Terceira Via'
ISABEL VERSIANI
de Londres
O governo trabalhista do primeiro-ministro britânico Tony Blair
completa hoje um ano no poder
com uma popularidade ainda
maior do que quando foi eleito,
pondo fim a 18 anos de conservadorismo no Reino Unido.
Quando o novo governo assumiu, em maio do ano passado, havia uma grande expectativa no
país e no mundo sobre como se
traduziria, na prática, a tão anunciada "Terceira Via", definida por
Blair como um caminho intermediário entre o liberalismo e o socialismo.
Para muitos, o novo trabalhismo
ainda não deixou claro o que é esse
novo sistema, mas é indiscutível
que o governo Blair está mexendo
intensamente no Estado britânico,
introduzindo reformas importantes e aumentando os investimentos nas áreas sociais.
Entre as mudanças mais ousadas
estão as reformas políticas e constitucionais. Referendos promovidos no País de Gales e na Escócia
aprovaram, no ano passado, a
criação de Parlamentos próprios
para as duas regiões. Blair também
está negociando mudanças na Câmara dos Lordes.
No próximo dia 7, será promovido um outro referendo para definir se será criada uma prefeitura
em Londres. Se a idéia for aprovada, o governo poderá propor a
mesma mudança em outras cidades do país, dando continuidade a
um processo de descentralização
administrativa.
A educação foi eleita a prioridade de Blair e também nessa área
foram feitas reformas. O governo
criou uma nova taxa, cobrada sobre as empresas privatizadas, e repassou o dinheiro levantado para
as escolas.
Também passou a usar uma parcela dos recursos arrecadados na
Loteria Nacional para investir no
treinamento de professores.
Politicamente, uma das maiores
vitórias do governo Blair foi o
acordo para a paz na Irlanda do
Norte, acertado na Sexta-Feira
Santa. O acerto poderá pôr fim a
mais de 30 anos de violência na região e, internacionalmente, deu
grande projeção a Blair, visto como o responsável pelo consenso
entre católicos e protestantes.
Esse prestígio pôde ser medido
quando, uma semana depois da
Páscoa, em visita ao Oriente Médio, Blair conseguiu marcar uma
reunião entre o primeiro-ministro
israelense Binyamin Netanyahu e
o líder palestino Iasser Arafat, em
Londres.
O primeiro-ministro deu provas
de suas ambições no cenário político internacional quando, há um
mês, propôs a realização de uma
grande reunião, em Londres, dos
líderes de centro-esquerda. O objetivo do encontro é discutir a
"Terceira Via".
No campo econômico, o governo trabalhista tem adotado uma linha que pouco o diferencia dos
conservadores. A prioridade tem
sido manter a inflação baixa, com
déficit público reduzido e orçamento equilibrado.
Entretanto, algumas reformas
importantes foram promovidas
no setor. Com os trabalhistas, o
Banco Central inglês passou a ter
independência do governo para
estabelecer as taxas de juros. Também foi estabelecido o conceito de
um salário mínimo e proposta
uma série de inovações no sistema
de concessão de benefícios sociais,
o chamado "welfare state".
Apesar de a economia britânica
estar indo muito bem, analistas
prevêem que o principal desafio
do primeiro-ministro no próximo
ano de mandato poderá ser exatamente nessa área.
Com a libra forte, as empresas
britânicas estão tendo dificuldades em exportar e estão perdendo
terreno no mercado internacional.
Números oficiais mostraram
que nos primeiros três meses do
ano a indústria manufatureira entrou em recessão no país. O rendimento do setor teve queda durante quatro trimestres seguidos, sendo que, de janeiro a março deste
ano, o decréscimo foi de 0,2%.
Esse processo ainda não afetou o
nível de emprego no país, um dos
mais altos da Europa, mas há o risco de que isso aconteça.
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