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IRAQUE OCUPADO
Relatório interno obtido pelo "New York Times" lista denúncias de agressão a civis iraquianos por militares
EUA apuram roubos cometidos por soldados
DA REDAÇÃO
O Exército dos EUA investiga
mais de 20 denúncias contra militares americanos que teriam roubado ou agredido civis iraquianos, levando dinheiro, jóias e outros bens durante patrulhas e revistas, informou ontem o jornal
"The New York Times", que cita
documentos do Pentágono.
Se comprovados, os episódios
contribuirão para deteriorar a
imagem americana no país e na
região, já bastante fragilizada pelo
escândalo da tortura de prisioneiros por soldados dos EUA. Além
disso, mostrarão que as transgressões não se limitaram às prisões e
aos prisioneiros iraquianos.
Um relatório interno editado no
meio de maio a pedido de oficiais
que investigam crimes cometidos
por soldados dos EUA no Iraque,
obtido pelo "Times" por meio de
um oficial graduado que não quis
ser identificado, lista os tipos de
transgressão que o Exército investiga -do início da ocupação, em
março de 2003, até 21 de maio último, houve 18 queixas de roubo e
seis de agressão-, mas não nomeia os envolvidos nem cita medidas tomadas.
Os EUA também apuram 37
mortes de prisioneiros iraquianos
ou afegãos ocorridas sob sua custódia em cerca de dois anos.
"O fato de um soldado agir criminalmente prejudica nossa reputação. Para o iraquiano comum, a pergunta que fica é "qual a
diferença entre o que faziam as
forças [do ex-ditador] Saddam
Hussein e o que fazem esses soldados?'", disse ao jornal o oficial
que entregou o relatório. O porta-voz da comissão que investiga o
caso não respondeu às tentativas
de contato do "Times".
Entre as denúncias, há casos de
roubo de iraquianos em postos de
controle, sob o pretexto de que se
tratasse de dinheiro da insurgência ou de seus financiadores, e de
espancamento e intimidação de
civis por meio de tiros.
A Defesa trata os casos como
episódios isolados, embora alguns oficiais afirmem que os números do relatório são uma estimativa otimista do que acontece,
já que muitos iraquianos temem
denunciar americanos. A posição
da Defesa se assemelha à assumida diante da tortura, apontada
por alguns como um comportamento sistemático e disseminado
dentro das Forças Armadas.
Transição
Num quadro que se complica a
cada dia, a tentativa americana de
instalar no Iraque, em 30 de junho, um governo escolhido pela
ONU sofreu novo revés, quando
líderes iraquianos vetaram o nome proposto pela entidade para a
presidência interina do país.
A ONU e os EUA já haviam sido
surpreendidos na última semana
pela imposição do nome do sunita Iyad Allawi como premiê interino pelo Conselho de Governo
Iraquiano -órgão consultivo
que deixará de existir no dia 30.
Agora, enfrentam objeções para a
nomeação do presidente, cargo
para o qual apóiam o ex-chanceler Adnan Pachachi, sunita. O
conselho apóia seu atual líder, o
chefe tribal sunita Ghazi Yawar.
Pelo plano do enviado da ONU
ao Iraque, Lakhdar Brahimi, o governo interino contará com um
premiê, um presidente, dois vices
e 26 ministros. Mas Brahimi, cuja
missão é escolher um governo
que conte com o apoio dos iraquianos e garanta apoio internacional ao plano americano de reconstrução, pouco avançou.
Suas ações têm esbarrado nos
membros do conselho, um grupo
pouco popular cujo mandato, outorgado pelos EUA, é considerado
ilegítimo pela maioria dos iraquianos.
Com "The New York Times" e agências
internacionais
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