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Venezuela vive o início de uma rebelião civil, afirma principal líder de oposição
DE CARACAS
Candidato derrotado à Presidência com quase um terço dos
votos no ano passado, o governador do Estado petroleiro de
Zulia (oeste), Manuel Rosales,
54, disse que "começa uma rebelião civil" no país. Leia, a seguir, os principais trechos da
entrevista concedida ontem à
Folha pelo social-democrata,
principal líder da oposição venezuelana.
(FM):
FOLHA - O que muda na oposição a
partir dos protestos contra o fim das
transmissões da RCTV?
MANUEL ROSALES - Vamos continuar nos organizando e protestando na rua, mas dentro do civismo e do conceito democrático. Não vamos nos prestar ao
que o governo quer provocar,
violência. Aqui, cada vez que há
uma manifestação, imediatamente se anuncia um suposto
magnicídio. A Venezuela vive
uma situação crítica e difícil.
Uma democracia que a cada dia
perde força, onde não se respeitam valores fundamentais como a liberdade, a existência do
equilíbrio de Poderes. Chávez
atua em nome do Executivo,
Legislativo e Judiciário e do
que significa o Poder Cidadão.
O mais importante é que, na
Venezuela, começa uma rebelião civil. O povo começa a despertar depois de vários anos de
distribuição de migalhas.
FOLHA - A sua proposta de um referendo [sobre a RCTV] teve pouca
adesão. Não veio tarde demais?
ROSALES - É uma possibilidade
que lançamos a Chávez para
que consulte o povo. Seria uma
boa saída, sem violência.
FOLHA - Está voltando a polarização de 2002 e 2003?
ROSALES - Creio que é assim,
com a diferença de que Chávez
está se enfraquecendo todos os
dias, está perdendo terreno
apesar do populismo feito com
esses recursos caudalosos.
Nunca um presidente teve tantos recursos como Chávez, graças ao preço do barril de petróleo, mas a situação do povo continua continua igual. Ele reparte dinheiro, mas sem uma política econômica séria, coerente.
FOLHA - Um dos grandes temas
dentro da oposição é participar ou
não das eleições. Qual sua posição?
ROSALES - Vamos continuar lutando e retomando espaços.
Cometemos muitos erros. A
violência e outros erros, como a
greve petroleira, nos conduziram a outros, como foi não ir às
eleições parlamentares. Decidimos que a luta tem de ser denunciando, participando. Não
nos escondendo.
FOLHA - Como são as relações entre seu governo e o de Chávez?
ROSALES - Chávez proibiu todos
os agentes do Estado de ter relações comigo. Recebo só a parte que corresponde ao Estado
prevista na Constituição. Os
governadores - não só eu-
nunca nos reunimos com ele.
FOLHA - Como o sr. vê as relações
entre Chávez e o presidente Lula?
ROSALES - Lula é um estadista, e
Chávez se comporta de forma
totalmente distinta. Não há
possibilidade de interpretar
que Lula possa apoiar decisões
como as que Chávez toma.
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