São Paulo, sexta-feira, 01 de junho de 2007

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Venezuela vive o início de uma rebelião civil, afirma principal líder de oposição

DE CARACAS

Candidato derrotado à Presidência com quase um terço dos votos no ano passado, o governador do Estado petroleiro de Zulia (oeste), Manuel Rosales, 54, disse que "começa uma rebelião civil" no país. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida ontem à Folha pelo social-democrata, principal líder da oposição venezuelana. (FM):

 

FOLHA - O que muda na oposição a partir dos protestos contra o fim das transmissões da RCTV?
MANUEL ROSALES -
Vamos continuar nos organizando e protestando na rua, mas dentro do civismo e do conceito democrático. Não vamos nos prestar ao que o governo quer provocar, violência. Aqui, cada vez que há uma manifestação, imediatamente se anuncia um suposto magnicídio. A Venezuela vive uma situação crítica e difícil.
Uma democracia que a cada dia perde força, onde não se respeitam valores fundamentais como a liberdade, a existência do equilíbrio de Poderes. Chávez atua em nome do Executivo, Legislativo e Judiciário e do que significa o Poder Cidadão.
O mais importante é que, na Venezuela, começa uma rebelião civil. O povo começa a despertar depois de vários anos de distribuição de migalhas.

FOLHA - A sua proposta de um referendo [sobre a RCTV] teve pouca adesão. Não veio tarde demais?
ROSALES -
É uma possibilidade que lançamos a Chávez para que consulte o povo. Seria uma boa saída, sem violência.

FOLHA - Está voltando a polarização de 2002 e 2003?
ROSALES -
Creio que é assim, com a diferença de que Chávez está se enfraquecendo todos os dias, está perdendo terreno apesar do populismo feito com esses recursos caudalosos.
Nunca um presidente teve tantos recursos como Chávez, graças ao preço do barril de petróleo, mas a situação do povo continua continua igual. Ele reparte dinheiro, mas sem uma política econômica séria, coerente.

FOLHA - Um dos grandes temas dentro da oposição é participar ou não das eleições. Qual sua posição?
ROSALES -
Vamos continuar lutando e retomando espaços. Cometemos muitos erros. A violência e outros erros, como a greve petroleira, nos conduziram a outros, como foi não ir às eleições parlamentares. Decidimos que a luta tem de ser denunciando, participando. Não nos escondendo.

FOLHA - Como são as relações entre seu governo e o de Chávez?
ROSALES -
Chávez proibiu todos os agentes do Estado de ter relações comigo. Recebo só a parte que corresponde ao Estado prevista na Constituição. Os governadores - não só eu- nunca nos reunimos com ele.

FOLHA - Como o sr. vê as relações entre Chávez e o presidente Lula?
ROSALES -
Lula é um estadista, e Chávez se comporta de forma totalmente distinta. Não há possibilidade de interpretar que Lula possa apoiar decisões como as que Chávez toma.


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