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Turquia aprova diretas e deve promover referendo
Presidente não pode vetar decisão do Parlamento
DA REDAÇÃO
Passando sobre o veto do
presidente Ahmet Necdet Sezer, parlamentares turcos
aprovaram ontem, pela segunda vez, uma emenda polêmica à
Constituição que permitirá o
povo eleger o chefe de Estado
do país. Como a lei turca impede o presidente de vetar a mesma proposta de reforma duas
vezes, Sezer, que já vetou a
emenda no dia 25 de maio, agora se vê obrigado a sancionar a
mudança constitucional ou
convocar um referendo.
A proposta faz parte de uma
série de leis defendida pelo premiê islâmico moderado Recep
Tayyp Erdogan, que inclui a
realização de eleições gerais a
cada quatro anos, em vez de a
cada cinco, e também a redução
do mandato do presidente de
sete anos para cinco.
A legislação atual, que permite ao Parlamento escolher o
presidente do país, se tornou
alvo de críticas quando a oposição secular boicotou, no fim de
abril, a votação para eleger o
candidato do partido islâmico
do governo, o chanceler Abdullah Gül. O político, que é acusado pelos partidos laicos de ter
um programa político islamista, retirou sua candidatura à espera das eleições legislativas
antecipadas para 22 de julho.
Erdogan, do partido AK, argumenta que a emenda vai pôr
fim ao impasse gerado pelo boicote e também fazer da Turquia
um país "mais democrático".
Sezer sustenta, porém, que a
emenda criaria um "clima de
instabilidade" no país, pondo
em questão a neutralidade do
presidente. Acrescentou que
um voto popular concederia
poder demais ao chefe de Estado, ao ponto de prejudicar os
trabalhos do Parlamento.
Na segunda-feira, mais de
dez deputados trocaram socos
durante um debate no Parlamento sobre a emenda proposta, numa briga inicialmente
provocada por um insulto lançado a Sezer por um parlamentar. A crise política também
provocou manifestações nas
ruas da elite secular nas principais cidades do país contra o
crescente poder do partido islâmico.
Embora o partido AK ainda
seja o mais popular do país segundo pesquisas de opinião, os
militares turcos, que fazem
parte da oposição, já afirmam
que vão interferir para defender o caráter laico do país.
Com agências internacionais
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