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REAÇÃO
Oposição francesa à Guerra do Iraque afeta vendas
Compradores americanos somem de feira de vinhos em Bordeaux
CRAIG S. SMITH
DO "NEW YORK TIMES", EM BORDEAUX
Faltava alguma coisa na maior
feira vinícola francesa, na semana
passada. O contingente usual de
comerciantes americanos de vinho estava ausente, confirmando
para muitos participantes que a
irritação dos EUA com a oposição
francesa à Guerra do Iraque havia
afetado mais do que alguns egos.
As vendas de vinho aos EUA, no
passado o mais promissor mercado das vinícolas francesas e agora
um dos maiores concorrentes do
país, estão afundando.
"Ficou claro, da parte dos nossos distribuidores americanos,
que existe certa hesitação quanto
a promover vinhos franceses, por
enquanto", disse Bruno Finance,
gerente de vendas da Yvon Mau,
uma das maiores casas de comércio de vinho de Bordeaux, sudoeste da França. Segundo ele, o
vinho francês vem perdendo partes de outros mercados. "Mas, por
enquanto, o único lugar com
grandes perdas são os EUA".
As exportações francesas aos
EUA já vêm sofrendo com a fraqueza da economia americana e
com a queda do valor do dólar
diante do euro, o que torna os
produtos franceses mais caros.
No geral, as exportações francesas
aos EUA caíram em 21% nos quatro primeiros meses do ano, excluídos os produtos militares.
Não há dúvida de que a disputa
transatlântica sobre o Iraque ajudou a agravar as coisas para diversos setores. Os executivos de aviação americanos estavam perceptivelmente ausentes em junho do
Salão Aeronáutico de Paris, um
evento bienal, acompanhando o
exemplo do Departamento da
Defesa, que enviou poucos de
seus aviões mais avançados.
A França está tentando reparar
os danos com uma campanha de
relações públicas não muito bem
concebida cujo lema é "vamos
nos apaixonar de novo" e inclui
um vídeo no qual o envelhecido
comediante Woody Allen fala em
beijar sua jovem mulher à francesa. O Escritório Turístico de Paris,
que planeja decorar os Champs-Elysées com as cores da bandeira
dos EUA em 4 de julho, disse que
muitos hotéis da capital celebrariam o feriado nacional dos EUA.
Mas há comerciantes no mercado de vinhos preocupados com a
possibilidade de que os danos não
sejam tão fáceis de consertar. Os
vinhos franceses jamais recuperaram plenamente a fatia que detinham no mercado escandinavo,
depois do boicote que a região organizou em protesto contra os
testes nucleares franceses no Pacífico, em 1995. "O boicote deu às
pessoas a oportunidade de experimentar outros vinhos, e elas não
voltaram aos franceses", disse Finance. Ele está preocupado com a
crise num momento em que a
competição vem crescendo e o
mercado está instável.
As exportações de vinhos franceses para os EUA, que atingiram
quase US$ 1 bilhão em 2002, respondem por 16% das vendas das
vinícolas francesas no exterior.
O volume dessas exportações
caiu em 9% nos quatro primeiros
meses do ano, mas a tendência de
longo prazo é ainda pior, porque
esses números incluem vinhos de
Bordeaux vendidos há dois anos,
antes de serem engarrafados.
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