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ONU exige volta de hondurenho ao poder
Resolução aprovada de maneira unânime diz que comunidade internacional não reconhecerá outro governo que não o de Zelaya
Presidente deposto discursa à Assembleia Geral contra a "barbárie" em seu país
e nega ter a intenção de
se perpetuar no poder
DJason Szenes/Efe
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Presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, discursa no plenário da Assembleia Geral da ONU, em Nova York (EUA)
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
A Assembleia Geral da ONU
(Organização das Nações Unidas) aprovou ontem em sessão
extraordinária com os 192 países-membros uma resolução
unânime de repúdio ao golpe
de Estado em Honduras.
A resolução diz ainda que os
países não reconhecerão outro
governo além do de Manuel Zelaya e exige a restauração imediata e incondicional do presidente, que foi deposto no domingo pelas Forças Armadas.
Presente à sessão, Zelaya
classificou a resolução como
"histórica", em um discurso de
uma hora sobre as dificuldades
enfrentadas por seu governo e
sobre a forma como foi retirado
do país. Ao final, foi aplaudido
de pé pelos representantes dos
países-membros.
Sobre as acusações que constam contra ele, disse que nunca
foi informado. "Ninguém me
colocou em julgamento. Ninguém me chamou perante uma
corte para que eu possa me defender, ninguém me disse qual
é o delito, a falta ou a acusação."
Zelaya afirma que voltará a
Honduras amanhã como presidente do país.
O presidente deposto atribuiu o golpe à insatisfação da
oposição com as políticas implementadas em seu governo,
como reajuste do salário mínimo e combate à pobreza por
meio de programas sociais. Zelaya agradeceu o apoio de países como Brasil, Venezuela e
EUA, entre outros.
"Nunca imaginei que teria de
defender a democracia contra a
barbárie. (...) Sempre que a força bruta se sobrepõe à razão, a
humanidade volta para o seu
estado primitivo", disse.
Sem reeleição
Após o discurso, Zelaya afirmou em entrevista que não
pretende se reeleger e que só ficará no governo até o dia 27 de
janeiro, data prevista para o
término do seu mandato. Segundo ele, a reeleição é uma hipótese cuja discussão caberá ao
próximo governo.
"Para mim faltam poucos
meses de governo, mas não vou
ficar olhando de fora o que está
acontecendo no país", disse.
Questionado se cogitaria se
candidatar novamente no futuro, disse: "Não, nunca". Ele afirmou que pretende voltar para a
vida civil junto com amigos e
com a família.
O presidente deposto afirma
que a oposição usou o argumento da reeleição como uma
desculpa para planejar o golpe
de Estado e tirá-lo do poder.
Questionado se insistiria em
realizar uma consulta pública à
população, desconversou dizendo que gostaria de tornar a
consulta à sociedade uma política constante.
Zelaya queixou-se da falta de
informação sobre a situação
atual em Honduras. Disse que
só tem acesso a relatos parciais
via celular.
O presidente deposto afirma
que Honduras está em estado
de paralisia com efeitos no comércio e no turismo locais.
Destacou ainda o congelamento das operações do Banco
Mundial com o país e a saída
dos embaixadores da região.
Ele disse ter sido informado de
que os embaixadores de países
da União Europeia também
sairão de Honduras.
Após o evento na ONU, Zelaya seguiu para Washington a
convite da OEA (Organização
dos Estados Americanos), cujo
conselho permanente estava
reunido até o fechamento desta
edição para discutir a situação
de Honduras.
Antes de partir para Honduras, Zelaya deve ser recebido
hoje pelo secretário-assistente
do Departamento de Estado
americano para o hemisfério
Ocidental, Thomas Shannon. O
hondurenho disse ontem que
os EUA mudaram muito e que
as declarações do presidente
Barack Obama sobre o golpe foram contundentes. Obama
afirmou anteontem que a deposição de Zelaya foi ilegal e que
abria um terrível precedente
para a região.
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