|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Golpistas exibem apoio popular na capital
Presidente interino Roberto Micheletti comanda ato "em defesa da Constituição" ao lado de chefe militar hondurenho
Governante faz ataques a
Chávez, acusado de estar
por trás da tentativa do
presidente deposto Zelaya
de reformar Constituição
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
(HONDURAS)
O presidente interino de
Honduras, Roberto Micheletti,
reuniu ontem alguns milhares
de simpatizantes e o alto comando militar no centro da capital hondurenha, numa tentativa de demonstrar que a deposição do ex-aliado Manuel Zelaya conta com apoio interno.
Diante de simpatizantes vestidos de branco, Micheletti voltou a atacar o presidente venezuelano, Hugo Chávez, acusado
de estar por trás da iniciativa de
Zelaya de promover uma consulta popular sobre uma Assembleia Constituinte, declarada ilegal pela Justiça e pelo
Congresso e que, acusa a oposição, ocultava uma tentativa de
permanecer no poder.
"Os esquerdistas queriam
nos assustar, mas descobriram
que aqui em Honduras existem
homens e mulheres que defendem a Constituição e o respeito
às leis", discursou Micheletti,
que até domingo era o presidente do Congresso e pertence,
como Zelaya, ao Partido Liberal (centro-direita).
Micheletti voltou a dizer que
seu governo é de "transição" e
que haverá eleições presidenciais em novembro, conforme
já estava previsto.
Também discursou o chefe
do Estado Maior das Forças Armadas de Honduras, general
Romeo Vásquez, que na semana passada foi destituído por
Zelaya ao se recusar a mobilizar
os militares para a consulta sobre a Constituinte, que seria
realizada no domingo.
"Apenas cumprimos com a
Constituição", disse Vásquez,
ao justificar a detenção e a expulsão de Zelaya do país.
A professora da rede pública
Irma Mejía, 59, disse à Folha
que soube da marcha pela televisão -os principais canais do
país, contrários a Zelaya, fizeram propaganda em favor do
ato. "Ele não respeitava as leis
de Honduras", disse, ao justificar o seu apoio à deposição.
Outras instituições do Estado deram apoio a Micheletti,
em demonstração de que Zelaya estava bastante isolado dentro da elite política do país.
O procurador-geral de Honduras, Luis Alberto Rubí, disse
ontem que Zelaya será preso
"imediatamente" caso cumpra
a promessa de regressar ao país
amanhã. Segundo ele, o presidente deposto é acusado de 18
crimes, entre os quais "traição
à pátria" e "usurpação de funções", por ter insistido em realizar a votação no domingo.
Já o Congresso aprovou uma
moção de apoio a Micheletti e
começou a revisar a participação do país na Alba, bloco regional liderado por Chávez, que
vem ameaçando intervir militarmente em Honduras.
Em número bem menor, manifestantes pró-Zelaya realizaram uma marcha numa avenida central de Honduras, sob
permanente vigilância de um
helicóptero militar. A maioria
pertencia a sindicatos e ao Partido Unificação Democrática
de Honduras (UD, esquerda).
"O golpe representa o medo
da oligarquia a uma consulta
popular", disse uma estudante
que marchava com o rosto coberto. "Foi um atropelo."
Texto Anterior: Brasil corta programas bilaterais; Amorim vê situação "insustentável" Próximo Texto: Saiba mais: Corte tenta justificar ação militar Índice
|