São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2011

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Bancos alemães, expostos a crise, adiam cobrança de dívida grega

País segue exemplo francês e se compromete a adiar recebimento de € 3,2 bilhões de títulos que vencem até 2014

DO ENVIADO A ATENAS

O sistema bancário alemão seguiu ontem o francês e comprometeu-se a adiar a cobrança de € 3,2 bilhões (R$ 7,2 bilhões) da dívida grega que vencem até 2014.
Antes, os franceses haviam anunciado um esquema que permitiria esticar a cobrança de 70% da dívida.
As bancas francesa e alemã são, entre as estrangeiras, as mais expostas na Grécia, com, respectivamente, € 46 bi e € 28,3 bi em créditos a receber, do governo, particulares e bancos gregos.
Os dois anúncios parecem atender à exigência do governo alemão de que o setor privado participe, voluntariamente, do socorro à Grécia.

ILUSÃO
Mas editorial do jornal "Financial Times", a bíblia dos meios financeiros globais, qualifica de "ilusão de ótica" a crença de que "o setor financeiro será chamado a dar sua cota".
Entre as ressalvas feitas pelo jornal: "A dívida líquida será rolada, mas a dívida bruta continuará a crescer pela quantidade necessária para comprar colaterais" (garantias oficiais para os papéis).

DANO COLATERAL
O mecanismo de compra de colaterais é apontado, por outros especialistas, como outro inconveniente, na medida em que os bancos se livrariam de títulos podres e ficariam com novos papéis que os governos pagariam se a Grécia quebrar mais adiante.
Seria de novo a privatização dos lucros e a socialização dos prejuízos.
Ou, como prefere o FT, "o truque do setor privado de garantir a si próprio não pode ser considerada uma solução abrangente".
Já o economista Jeffrey Sachs, com a experiência de quem assessorou a renegociação de dívidas da Bolívia e a da Polônia, fulmina a taxa de juros de 5,5% que aparece na proposta dos bancos franceses. "Esticar o repagamento, sem uma taxa de juros permanente e significativamente mais baixa, não vai dar", escreve.

ATENUAÇÃO
Economistas que preferem o anonimato levantam, de todo modo, a hipótese de que os esquemas de participação privada já anunciados servem apenas para ganhar tempo para que os bancos limpem suas carteiras o quanto pude rem dos papéis gregos, de forma a que um calote machuque menos ou nada. (CR)

FOLHA.com
Leia coluna de Rossi sobre a crise
www.folha.com/pr937091


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