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VENEZUELA
Manifestantes, que esperavam decisão da Justiça sobre oficiais golpistas, foram dispersados com bombas de gás e jatos d'água
Chavistas e opositores se enfrentam
DA REDAÇÃO
A polícia venezuelana usou ontem bombas de gás e tiros para o alto para dispersar manifestantes contrários e favoráveis ao presidente Hugo Chávez do lado de fora da Suprema Corte do país, no centro de Caracas. Pelo menos
cinco pessoas ficaram feridas e dezenas foram presas.
O conflito volta a explicitar a forte divisão existente hoje na sociedade venezuelana entre os simpatizantes de Chávez, na maioria
proveniente das camadas mais
pobres da população venezuelana, e seus opositores.
A Justiça analisava ontem a
abertura de um processo por rebelião contra quatro oficiais militares que participaram do golpe
que tirou Chávez do poder por
dois dias, em abril. No final da tarde, a corte decidiu adiar a decisão
por pelo menos uma semana.
Os choques entre os chavistas e
os oposicionistas se espalharam
pelas ruas ao redor da corte, no
centro da capital. Dezenas de simpatizantes do presidente tombaram um caminhão e puseram fogo em pneus.
Cerca de 300 policiais com motocicletas e um caminhão com jatos de água impediram a multidão de se aproximar do prédio.
Manifestações já haviam ocorrido
no dia anterior, quando a corte
começou a analisar a abertura do
processo contra os oficiais.
No total, mais de mil policiais
foram deslocados para proteger o
edifício.
Os chavistas tentaram atingir o
vice-almirante Héctor Ramírez
Pérez, o contra-almirante Daniel
Comisso Urdaneta, o general
Efraín Vásquez e o brigadeiro Pedro Pereira, além de outros militares da reserva e simpatizantes
dos réus. Se forem condenados,
os oficiais estarão sujeitos a pena
de até 30 anos de prisão.
O contra-almirante da reserva
Rafael Huizi Clavier, adversário
de Chávez, havia feito um forte
apelo ontem à população por
apoio aos oficiais julgados.
A defesa dos oficiais diz que eles
ignoraram uma ordem de Chávez
para lançar tropas contra civis desarmados durante manifestação
da oposição, no dia 11 de abril,
que terminou com 18 mortos. Eles
também alegam que os oficiais
acreditavam que o presidente havia renunciado, como declarou
um general naquela noite.
O promotor-geral, Isaías Rodríguez, argumenta que os oficiais
ameaçaram Chávez para forçá-lo
a renunciar. O presidente diz que
nunca manifestou a intenção de
renunciar.
A decisão da corte de adiar a
análise foi comemorada pelos
simpatizantes dos oficiais como
uma vitória.
A Suprema Corte recusou a denúncia feita por um dos magistrados e escolheu outro para apresentar uma nova denúncia na
próxima semana.
Durante o dia, uma bomba de
gás lacrimogêneo explodiu no estacionamento da televisão Globovisión, acusada por Chávez de trabalhar para a oposição. Esse foi o
segundo ataque à estação em menos de um mês.
Há três semanas, uma granada
explodiu no estacionamento da
emissora, aumentando os protestos da oposição de que os ataques
verbais de Chávez contra a mídia
estariam levando seus simpatizantes a praticar ações violentas
contra jornalistas. Ninguém foi
ferido nos ataques.
As divisões na sociedade venezuelana se mantiveram mesmo
após o fracasso do golpe de abril e
a promessa de Chávez de abrir canais de diálogo com a oposição.
Os opositores se negam a negociar, alegando que Chávez não
tem intenção real de diálogo.
Chávez, coronel do Exército, liderou uma tentativa frustrada de
golpe contra o então presidente
Carlos Andrés Pérez, em 1992, e
foi eleito democraticamente à
Presidência em 1998, com um discurso populista.
Com agências internacionais
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