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ONU aprova força de intervenção em Darfur
Até 26 mil homens serão enviados à região do Sudão em que guerra civil matou mais de 200 mil pessoas desde 2003
Resolução foi iniciativa franco-britânica para vencer restrições sudanesas; União Africana fica com comando de operações cotidianas
Stuart Price - 24.jul.07/France Presse
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Soldado ruandês das forças da União Africana, já em Darfur |
DA REDAÇÃO
O Conselho de Segurança das
Nações Unidas aprovou ontem,
por unanimidade, resolução
instituindo uma força internacional de intervenção na região
de Darfur, no Sudão. A proposta de resolução foi uma iniciativa dos governos do Reino Unido e da França.
A missão, que será composta
por até 26.000 soldados e policiais ao custo de US$ 2 bilhões
no primeiro ano de operação,
foi qualificada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de
"histórica e sem precedentes".
Seu objetivo é atuar contra o
que o premiê Gordon Brown
chamou, em discurso na ONU,
de "o maior desastre humanitário da atualidade".
A guerra civil na região oeste
do país africano, iniciada a partir de disputas por terras e fontes de água, já deixou, desde
2003, mais de 200 mil mortos e
2 milhões de desalojados. São
vítimas de confrontos entre rebeldes de etnia africana, sedentários, e milícias de origem árabe, nômades, apoiadas pelo governo sudanês. Entre essas forças está a milícia islâmica Janjaweed, acusada de atrocidades
contra a população civil de Darfur. O governo sudanês nega
que municie a Janjaweed.
A proposta franco-britânica
para a Missão da ONU e da
União Africana em Darfur
(Unamid, na sigla em inglês)
surgiu depois de negociações
intensas com o governo do Sudão, principalmente acerca da
estrutura de comando e do
mandato da missão.
Estabeleceu-se que a maioria
dos soldados da força, que foi
elaborada com uma estrutura
híbrida a fim de contornar a
oposição de Cartum a um comando único da ONU, virá de
países africanos. A "unidade de
controle e comando" ficará a
cargo das Nações Unidas, mas
as decisões cotidianas serão tomadas por um general africano.
A proposta também substitui
o direito de "apreender" armas
ilegais, presente em versões anteriores, pelo monitoramento
do fluxo e uso dessa armas -o
Conselho de Segurança da
ONU chegou a impor um embargo à venda de armas às milícias leais ao governo e aos grupos rebeldes, mas não ao governo sudanês. O embargo, porém,
tem sido quebrado.
Mas os soldados estarão autorizados a usar força tanto para autodefesa e para garantir a
livre movimentação de ajuda
humanitária como para proteger civis sob ameaça. Os soldados da Unamid se juntarão a
uma força mal equipada e inefetiva de 7.000 homens da
União Africana já em Darfur.
Oposição superada
O governo da China, maior
comprador do petróleo do Sudão e um dos maiores investidores estrangeiros no país africano, que vinha se opondo a
propostas anteriores de missões da ONU para a região,
principalmente nas diretrizes
para o uso da força, havia sinalizado ontem que aprovaria a resolução de Brown e Sarkozy.
Outro país que também se
opunha era a Rússia. Ambos
aprovaram a resolução. Segundo a Anistia Internacional, a
quebra do embargo à venda de
armas vem principalmente da
China e da Rússia.
Está previsto na proposta
também o início de negociações de paz, que já têm data e
local marcado: Tanzânia, a partir da próxima semana.
A resolução dá 90 dias aos
membros da missão para que
disponibilizem suas contribuições logísticas e de pessoal. Os
EUA, que adotaram recentemente sanções comerciais contra o Sudão, só se comprometeram a dar apoio financeiro e
nos transportes para Darfur.
Com agências internacionais e o "Financial Times"
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