São Paulo, sábado, 01 de agosto de 2009

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ANÁLISE

Bases entram na pauta da sucessão na Colômbia

NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Há muito se especulava sobre a ampliação da presença americana em bases colombianas, já que o governo do Equador decidiu não renovar o visto de permanência de uma base dos EUA em seu território.
O que causou mais agressividade na reação de Chávez foi o caráter duradouro que terá a presença americana nas bases na Colômbia. "Eles abriram as portas aos que nos atacam permanentemente e preparam nova agressão contra nós", foi a justificativa de Chávez para o anúncio de que também a Venezuela vai incrementar seus arsenais militares e que já teria notificado a Rússia de que em breve emitirá as relações de compras. O objetivo é ter vários batalhões de tanques.
Nesse meio-tempo, veio a desforra do governo colombiano, acusando Chávez de ter fornecido armas às Farc. Significativo, porém, é o fato de que um político colombiano tradicional seguiu mais ou menos a linha de Chávez. É o caso de Rafael Pardo, aspirante a candidato presidencial pelo Partido Liberal, de oposição a Álvaro Uribe. "As bases americanas podem ser interpretadas como ato hostil a países vizinhos", escreveu ele no "El Espectador".
Desde já fica claro que a questão das bases não alimentará somente a retórica de Chávez. Também será tema de primeira ordem nas eleições de 2010, sobretudo se Uribe disputar um terceiro mandato, que é o desejo que esconde no fundo da alma.
Já está se organizando uma forte coligação de centro-esquerda sob a liderança do senador Gustavo Petro. Considerado um grande orador, ele é a figura de maior relevância dos que se opõem a Uribe, a quem trata de "terrorista de paletó e gravata". Ainda não se sabe como Petro e os seus tratarão a denúncia de que Chávez dá armas às Farc. Mas é certo que na cabeça da agenda da oposição estarão as bases americanas.


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