São Paulo, segunda, 1 de setembro de 1997.



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Herdeiro do trono britânico vai à França com as irmãs de Di; detalhes do funeral serão divulgados hoje
Charles acompanha o corpo da princesa Diana de volta a Londres

PAULO HENRIQUE BRAGA
de Londres

MARTA AVANCINI
de Paris

Coube ao príncipe Charles, ex-marido de Diana, a tarefa de liderar o cortejo que trouxe o corpo da princesa Diana ao Reino Unido.
O corpo chegou à base militar de Nortbolt, a noroeste de Londres, pouco antes das 19h (15h em Brasília). Charles veio de Paris em um jato da Força Aérea Real (RAF) com as irmãs da princesa, Jane Fellowes e Sarah McCorquodale. O grupo foi recebido pelo primeiro-ministro Tony Blair.
O caixão, envolvido pelo estandarte real, que simboliza a monarquia britânica, foi conduzido em silêncio por oito oficiais da RAF. Não houve música ou discursos. A chegada foi assistida em silêncio por cerca de 200 jornalistas.
O caixão foi levado para uma capela em um local não revelado de Londres. Os detalhes do funeral ainda estavam sendo discutidos entre o governo e a família real e devem ser divulgados hoje.
A rigor, Diana não terá direito a um enterro com todas as honras reais, reservado para reis e rainhas. O privilégio só pode ser concedido pelo Parlamento, e o pedido só pode ser feito pela rainha.
O impacto da morte de Diana só é comparável à de Winston Churchill, em 1965, aos 90 anos. Churchill foi enterrado com honras de chefe de Estado, e centenas de milhares de pessoas passaram pelo Parlamento, onde o corpo foi velado, para homenageá-lo.
Charles deixou a base aérea logo após a chegada do corpo e seguiu para a residência da família real em Balmoral, Escócia.
Lá, ele se encontrou com os filhos do casal, William, 15, e Harry, 12, que foram acordados na manhã de ontem pelo pai com a notícia da morte.
Eles foram com Charles e a rainha Elizabeth 2ª a uma cerimônia religiosa na igreja de Balmoral. Ambos estavam emocionados, mas mantiveram o controle.
No final da tarde, 2.000 pessoas lotaram a catedral de Saint Paul, no centro da cidade, para um culto em homenagem à princesa.
A igreja, local do casamento de Charles e Diana, ficou aberta até as 20h para que os admiradores que não puderam entrar no culto acendessem velas no local.
Charles e as duas irmãs de Diana chegaram ao hospital La Pitié-Salpetrière por volta das 17h30.
O grupo chegou em cortejo acompanhado por um forte aparato de segurança. Eles foram a Paris no avião da família real britânica e desembarcaram no aeroporto militar de Villacoublay, ao sul da capital francesa.
Charles estava sozinho em um Jaguar da embaixada britânica em Paris. As irmãs de Diana estavam em outro carro, que seguia atrás do ocupado pelo príncipe. Uma multidão, estimada em 10 mil pessoas pela polícia, aguardava a chegada em frente ao hospital.
Charles foi recepcionado pelo presidente da França, Jacques Chirac, e sua mulher, Bernadette.
Após receber as condolências do chefe de Estado francês, ele subiu ao quarto no primeiro andar do pavilhão Gaston Cordier, onde o corpo da princesa estava abrigado.
O príncipe britânico e as irmãs de Diana permaneceram no quarto durante 20 minutos aproximadamente. De acordo com testemunhas que acompanharam a visita, o rosto da princesa não ficou desfigurado em decorrência do acidente que a matou.
Após uma breve cerimônia religiosa, o caixão foi retirado do hospital por quatro homens. Junto com o caixão, foram colocados dois buquês de flores no carro que o transportou até o aeroporto de Villacoublay.
Em seguida, Charles e as irmãs de Diana deixaram o hospital para retornar ao aeroporto. Novo cortejo foi formado, dessa vez, liderado pelo veículo que transportava o caixão com o corpo de Diana.
Todos retornaram ao aeroporto Villacoublay, onde embarcaram para a Inglaterra. O vôo partiu por volta de 19h em Paris (14h no Brasil). Charles e as irmãs de Diana foram no mesmo avião.
O ministro das Relações Exteriores da França, Hubert Védrine, e o secretário de Estado para a Saúde, Bernard Kouchner, também estiveram no hospital.



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