São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Hamas reivindica a primeira ação terrorista de grande magnitude em quase seis meses; alvos foram ônibus

Duplo atentado mata 16 no sul de Israel

Ahmed Jadallah/Reuters
Simpatizantes do Hamas comemoram nas ruas de Gaza o duplo atentado suicida em Israel


DA REDAÇÃO

Um duplo atentado suicida cometido pelo grupo terrorista Hamas em Beer Sheva, no sul de Israel, matou ao menos 16 israelenses e feriu cerca de cem. A ação encerra quase seis meses sem ataques dessa magnitude no país.
Os dois terroristas se explodiram em dois ônibus com uma diferença de poucos segundos e a uma distância de cerca de cem metros entre um e outro.
Os ataques de ontem, segundo as autoridades israelenses, reforçam a necessidade de seguir adiante com a construção da barreira para separar o país das áreas palestinas.
Essa obra é considerada ilegal pela Corte Internacional de Haia por deixar ainda mais difícil a vida dos palestinos na Cisjordânia.
"Temos certeza de que quando terminarmos a construção [da barreira], o terrorismo acabará. Essa cerca está salvando vidas e, se a tivéssemos hoje, essas pessoas não estariam mortas", disse Avi Pazner, porta-voz do governo israelense.
Na faixa de Gaza, centenas de simpatizantes do Hamas saíram às ruas para celebrar. O grupo disse que a ação em Beer Sheva foi uma vingança pela morte dos líderes do grupo, xeque Ahmed Yassin e Abdel Aziz Rantisi, assassinados por Israel.
O premiê Ariel Sharon e seu gabinete de segurança se reuniram ontem para estudar a resposta ao duplo atentado. Não estava descartada uma operação militar em Hebron, de onde teriam saído os dois suicidas. Soldados israelenses foram às casas de dois suspeitos de terem sido os suicidas para interrogar as famílias. O Exército costuma demolir as casas dos familiares de terroristas.
Os dois ônibus ficaram completamente destruídos com as explosões. Médicos-legistas coletavam pedaços de corpos para levar para reconhecimento, inclusive uma mão de mulher com um anel de prata.
O motorista de um dos ônibus, Yaakov Cohen, salvou algumas vidas ao abrir as portas do veículo ao ouvir a outra explosão. "Quando escutei o estrondo, pensei: "meu Deus, tenho de sair daqui". Dirigi dez metros e abri as portas", afirmou em uma cama de hospital onde tratava ferimentos em suas pernas.
"Acredito que entre dez e 15 pessoas tenham descido do ônibus. De repente escutei a segunda explosão. Não posso explicar, mas senti que algo iria acontecer. Foi terrível, terrível. Não sei descrever o que vi", disse o motorista.
Cohen acrescentou que entre 20 e 30 pessoas não conseguiram descer a tempo e que nenhum dos passageiros que havia embarcado no ônibus antes parecia suspeito.

Condenação
A Casa Branca condenou o atentado. "Não há justificativa para a morte de civis inocentes", disse o porta-voz Scott McClellan. O secretário de Estado americano, Colin Powell, telefonou para o chanceler israelense, Silvan Shalom, para lamentar os atentados. A ação terrorista também foi condenada pela ONU e pela União Européia.
As autoridades palestinas criticaram o duplo atentado. O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, disse: "A posição da liderança palestina é cristalina. Nós somos contra agressões a alvos civis israelenses e palestinos".

Com agências internacionais


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