São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2004

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Mídia francesa se achava imune aos seqüestros, diz "Le Figaro"

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O editor de política internacional do jornal francês "Le Figaro", Pierre Rousselin, afirma que o seqüestro dos dois jornalistas franceses surpreendeu a mídia de seu país, que acreditava que a França, ao se opor à Guerra do Iraque, tivesse garantias quanto à segurança de seus enviados especiais.
Apesar de o jornalista Georges Malbrunot estar em poder dos seqüestradores, o "Figaro" não desativou seu posto em Bagdá. Um outro jornalista o substitui desde a quinta-feira passada.
Leia a entrevista.
 

Folha - Em razão do seqüestro de Georges Malbrunot, o "Figaro" pensa em se retirar do Iraque?
Pierre Rousselin -
Não há ainda nenhuma decisão tomada. O assunto será examinado cuidadosamente. Depois do seqüestro de Malbrunot um outro repórter nosso foi enviado a Bagdá. Ele está por lá desde quinta-feira, com instruções de seguir certos procedimentos que não ponham em risco sua segurança.

Folha - A França se opôs à Guerra do Iraque. Os dois seqüestros não teriam demonstrado que isso de nada adiantou?
Rousselin -
Nós nos conscientizamos de que os jornalistas franceses não estão protegidos de ameaças. Acreditamos durante certo tempo que a política da França era um fator de proteção que beneficiava nossos enviados especiais. Mas percebemos agora não ser esse o caso.

Folha - Há relatos de que os seqüestradores não estavam corretamente informados sobre a "Lei do Véu", contra a qual dizem ter feito o seqüestro. Acreditam que a França proíbe que o véu seja usado por toda e qualquer muçulmana.
Rousselin -
Uma das informações que precisamos nos esforçar para transmitir ao mundo árabe consiste em dizer a verdade. A saber: a lei sobre a qual se polemiza não tem o conteúdo draconiano que os boatos atribuem a ela. A lei em questão se aplica única e exclusivamente às escolas públicas e durante um determinado horário. A França continua a ser um país em que as pessoas têm a liberdade de praticar a religião que queiram. Elas podem se vestir da maneira que desejam.

Folha - O governo francês reagiu corretamente enviando o ministro das Relações Exteriores ao Cairo, para eventualmente até negociar com os seqüestradores?
Rousselin -
É algo que saberemos apenas no momento em que Christian Chesnot e Georges Malbrunot forem libertados.


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