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Mídia francesa se achava imune
aos seqüestros, diz "Le Figaro"
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
O editor de política internacional do jornal francês "Le Figaro",
Pierre Rousselin, afirma que o seqüestro dos dois jornalistas franceses surpreendeu a mídia de seu
país, que acreditava que a França,
ao se opor à Guerra do Iraque, tivesse garantias quanto à segurança de seus enviados especiais.
Apesar de o jornalista Georges
Malbrunot estar em poder dos seqüestradores, o "Figaro" não desativou seu posto em Bagdá. Um
outro jornalista o substitui desde
a quinta-feira passada.
Leia a entrevista.
Folha - Em razão do seqüestro de
Georges Malbrunot, o "Figaro"
pensa em se retirar do Iraque?
Pierre Rousselin - Não há ainda
nenhuma decisão tomada. O assunto será examinado cuidadosamente. Depois do seqüestro de
Malbrunot um outro repórter
nosso foi enviado a Bagdá. Ele está por lá desde quinta-feira, com
instruções de seguir certos procedimentos que não ponham em
risco sua segurança.
Folha - A França se opôs à Guerra
do Iraque. Os dois seqüestros não
teriam demonstrado que isso de
nada adiantou?
Rousselin - Nós nos conscientizamos de que os jornalistas franceses não estão protegidos de
ameaças. Acreditamos durante
certo tempo que a política da
França era um fator de proteção
que beneficiava nossos enviados
especiais. Mas percebemos agora
não ser esse o caso.
Folha - Há relatos de que os seqüestradores não estavam corretamente informados sobre a "Lei do
Véu", contra a qual dizem ter feito
o seqüestro. Acreditam que a França proíbe que o véu seja usado por
toda e qualquer muçulmana.
Rousselin - Uma das informações que precisamos nos esforçar
para transmitir ao mundo árabe
consiste em dizer a verdade. A saber: a lei sobre a qual se polemiza
não tem o conteúdo draconiano
que os boatos atribuem a ela. A lei
em questão se aplica única e exclusivamente às escolas públicas e
durante um determinado horário. A França continua a ser um
país em que as pessoas têm a liberdade de praticar a religião que
queiram. Elas podem se vestir da
maneira que desejam.
Folha - O governo francês reagiu
corretamente enviando o ministro
das Relações Exteriores ao Cairo,
para eventualmente até negociar
com os seqüestradores?
Rousselin - É algo que saberemos apenas no momento em que
Christian Chesnot e Georges Malbrunot forem libertados.
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