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Brasil trabalha para tentar evitar "nova Honduras"
Amorim teme que revolta seja aproveitada por "golpistas e aventureiros"
Por conta das eleições deste domingo, Lula descartou participar
de reunião da Unasul para tratar do Equador
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
O ministro Celso Amorim
explicou ontem à Folha todos os rápidos movimentos
da Chancelaria brasileira e
de outros países latino-americanos em relação à crise
equatoriana como um meio
para "não cair em uma situação como a de Honduras".
Traduzindo: a demora dos
países americanos em reagir
ao golpe que depôs o presidente Manuel Zelaya "tornou
difícil reverter a situação",
como diz Amorim. Na verdade, tornou impossível. Zelaya não voltou mais ao poder.
O comentário põe em evidência o receio de que a revolta dos policiais seja aproveitada por "golpistas e
aventureiros, que sempre estão prontos para agir em
meio à confusão".
Receio reforçado por um
fator: por mais que o comando das Forças Armadas tenha dado o habitual respaldo
retórico ao presidente, não
havia agido, até o fim da tarde, para fazer cessar a situação de virtual sequestrado
em que se encontrava Rafael
Correa. Tampouco havia liberado os aeroportos de Quito e Guayaquil.
Por esse motivo, aliás,
uma reunião de chanceleres
da Unasul (União de Nações
Sul-Americanas), que se cogitava fazer em Guayaquil,
acabou se transferindo para
Buenos Aires. E se transformou em reunião presidencial, prevista para a noite de
ontem, mas da qual estariam
ausentes tanto Lula, pelo envolvimento na eleição de domingo, como o próprio Amorim, que está no Haiti.
Também por inspiração do
Itamaraty, os embaixadores
da Unasul em Quito estavam
se preparando no início da
noite para se reunir ou com o
próprio Correa ou pelo menos com o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño.
Os embaixadores avaliavam se haveria espaço para
conversar com os comandantes militares para lhes transmitir diretamente a mensagem da resolução aprovada
ontem mesmo pela Organização dos Estados Americanos.
O documento respalda
"unanimemente o governo
constitucional de Rafael Correa" e repudia "qualquer tentativa de alterar a institucionalidade democrática".
A conversa com os comandantes militares teria precisamente o objetivo, na análise de Amorim, de evitar que
um movimento policial "se
transforme em golpe militar". Os militares ficariam
avisados de que o Equador
cairia no total isolamento.
O aviso também foi dado
aos golpistas hondurenhos,
mas não resolveu nada.
Desta vez, no entanto, há
diferenças: as acusações de
que Correa pretenda "bolivarianizar" o Equador são mais
débeis do que acontecia em
Honduras com Zelaya. E o
mundo político, mesmo o de
oposição, não se envolveu na
sedição da polícia. Pelo menos por enquanto.
FOLHA.com
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Clóvis Rossi
folha.com.br/pr807476
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