São Paulo, quinta, 1 de outubro de 1998

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PAZ DIFÍCIL
Em Hebron, palestinos atacam soldados; cresce tensão na região às vésperas de acordo para retirada israelense
Distúrbio fere 22 em feriado em Israel

das agências internacionais

Pelo menos onze palestinos e onze soldados israelenses ficaram feridos ontem após a explosão de duas granadas na parte ocupada por Israel no centro da cidade de Hebron (Cisjordânia).
Segundo um porta-voz do Exército de Israel, um palestino arremessou as granadas contra soldados israelenses.
A explosão causou danos a um veículo militar de Israel, ferindo seus ocupantes, soldados que estavam no local e outros dois carros, ocupados por palestinos.
O Exército israelense impôs um toque de recolher e afirmou que o autor do atentado tentou ir para a área palestina. "Ele fugiu para o H1 (parte de Hebron controlada pelos palestinos), e tentamos atirar. Talvez nós o tenhamos ferido, mas não sabemos", disse o porta-voz militar.
Testemunhas disseram que os israelenses atiraram com balas de borracha depois que um táxi explodiu e um carro pegou fogo.
Os palestinos afirmaram que colonos judeus também atiraram, mas usando munição comum.
O motorista do táxi, Yasser Ihmedat, 23, foi ferido na perna e levado a um hospital. "Estava esperando passageiros em meu carro quando dez colonos vieram, rodearam o carro e ordenaram que eu saísse dali. Um dos colonos jogou uma bomba no carro, que explodiu. Então eles começaram a atirar", disse Ihmedat.
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Processo de paz O atentado abriu os noticiários da televisão israelense, que deixou de transmitir durante 24 horas devido à comemoração do Yom Kippur (Dia do Perdão), a data mais importante do calendário judaico.
A cidade de Hebron se encontra dividida entre a Autoridade Nacional Palestina (ANP), presidida por Iasser Arafat, e Israel.
Cerca de 80% de seu perímetro urbano foi entregue ao controle da ANP em janeiro de 1997. Cerca de 400 colonos judeus vivem protegidos por dois mil soldados israelenses. Pelo menos 150 mil árabes vivem na cidade.
Os distúrbios de ontem podem prejudicar as negociações de paz entre palestinos e israelenses.
Arafat e Binyamin Netanyahu, premiê de Israel, devem se reunir em meados deste mês para discutir um novo acordo para retirada israelense dos territórios ocupados.
Eles se encontraram, três dias atrás, em Washington (EUA).
Arafat aceitou anteontem a proposta de retirada de tropas da Cisjordânia pela fórmula "10% mais 3%". Os 3% devem se transformar em "reserva natural" (que terá controle civil palestino e supervisão militar de Israel).



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