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RÚSSIA
Kasyanov é a primeira autoridade a questionar ação contra Yukos; Putin reitera compromisso com economia de mercado
Caso de petrolífera deixa premiê russo "preocupado"
DA REUTERS
O premiê da Rússia, Mikhail
Kasyanov, disse ontem estar bastante preocupado com o congelamento de parte das ações da empresa petrolífera Yukos. Nenhuma outra autoridade russa chegou tão perto de criticar a atuação
do Kremlin no caso.
"Não farei nenhuma avaliação,
mas minha preocupação é grande", disse Kasyanov à rede de TV
NTV, um dia depois de a Justiça
russa bloquear uma parte considerável das ações da Yukos e da
demissão de Alexander Voloshin,
que era chefe de gabinete do presidente Vladimir Putin.
O confronto entre o Kremlin e a
Yukos, cujo presidente foi preso
há uma semana -acusado de
fraude, de evasão fiscal e de formação de quadrilha-, constitui a
maior crise político-econômica
que o governo tem de enfrentar
desde que Putin assumiu o poder,
há três anos, e põe em dúvida o futuro das reformas econômicas.
Segundo analistas, trata-se de
uma tentativa do Estado de pôr
fim às ambições políticas de Mikhail Khodorkovsky, 40, o presidente da Yukos, e de mostrar à
classe empresarial que ainda tem
autoridade sobre ela.
Os índices do mercado financeiro russo, que tinham despencado
após a prisão de Khodorkovsky (o
homem mais rico da Rússia), tiveram uma razoável recuperação
ontem, depois que Putin reiterou
seu compromisso com a economia de mercado.
Horas depois do congelamento
das ações da Yukos (pertencentes
a Khodorkovsky e a seus aliados),
ocorrido anteontem, Putin reuniu-se com um grupo de funcionários de bancos internacionais,
no Kremlin. Segundo eles, o presidente prometeu dar continuidade às reformas econômicas. Putin
também teria dito que haverá
mudanças na estatal Gazprom, a
maior empresa de gás do planeta.
Kasyanov -que foi apontado
por Putin, mas parece apoiar a
causa da elite empresarial- disse
que o congelamento das ações de
uma empresa que tem papéis na
Bolsa é um "fenômeno novo, cujas consequências ainda não podem ser definidas".
Para 70% da população russa,
segundo pesquisas, os "oligarcas"
são responsáveis pelo empobrecimento geral do país, já que enriqueceram após o polêmico processo de privatização das empresas públicas autorizado por Boris
Ieltsin nos anos 90.
Assim, de acordo com analistas,
a crise também tem como pano
de fundo a eleição legislativa de
dezembro próximo.
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