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São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2003

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RÚSSIA

Kasyanov é a primeira autoridade a questionar ação contra Yukos; Putin reitera compromisso com economia de mercado

Caso de petrolífera deixa premiê russo "preocupado"

DA REUTERS

O premiê da Rússia, Mikhail Kasyanov, disse ontem estar bastante preocupado com o congelamento de parte das ações da empresa petrolífera Yukos. Nenhuma outra autoridade russa chegou tão perto de criticar a atuação do Kremlin no caso.
"Não farei nenhuma avaliação, mas minha preocupação é grande", disse Kasyanov à rede de TV NTV, um dia depois de a Justiça russa bloquear uma parte considerável das ações da Yukos e da demissão de Alexander Voloshin, que era chefe de gabinete do presidente Vladimir Putin.
O confronto entre o Kremlin e a Yukos, cujo presidente foi preso há uma semana -acusado de fraude, de evasão fiscal e de formação de quadrilha-, constitui a maior crise político-econômica que o governo tem de enfrentar desde que Putin assumiu o poder, há três anos, e põe em dúvida o futuro das reformas econômicas.
Segundo analistas, trata-se de uma tentativa do Estado de pôr fim às ambições políticas de Mikhail Khodorkovsky, 40, o presidente da Yukos, e de mostrar à classe empresarial que ainda tem autoridade sobre ela.
Os índices do mercado financeiro russo, que tinham despencado após a prisão de Khodorkovsky (o homem mais rico da Rússia), tiveram uma razoável recuperação ontem, depois que Putin reiterou seu compromisso com a economia de mercado.
Horas depois do congelamento das ações da Yukos (pertencentes a Khodorkovsky e a seus aliados), ocorrido anteontem, Putin reuniu-se com um grupo de funcionários de bancos internacionais, no Kremlin. Segundo eles, o presidente prometeu dar continuidade às reformas econômicas. Putin também teria dito que haverá mudanças na estatal Gazprom, a maior empresa de gás do planeta.
Kasyanov -que foi apontado por Putin, mas parece apoiar a causa da elite empresarial- disse que o congelamento das ações de uma empresa que tem papéis na Bolsa é um "fenômeno novo, cujas consequências ainda não podem ser definidas".
Para 70% da população russa, segundo pesquisas, os "oligarcas" são responsáveis pelo empobrecimento geral do país, já que enriqueceram após o polêmico processo de privatização das empresas públicas autorizado por Boris Ieltsin nos anos 90.
Assim, de acordo com analistas, a crise também tem como pano de fundo a eleição legislativa de dezembro próximo.


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