|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE SOB TUTELA
Americanos dizem que mataram só insurgentes num ataque, mas médicos locais afirmam tratar-se de civis
Violência deixa quase 70 mortos no Iraque
DA REDAÇÃO
O Iraque teve ontem um de seus
dias mais violentos nas últimas
semanas, quando ao menos 20
pessoas morreram em um ataque
com carro-bomba em Basra (sul),
sete soldados americanos morreram em explosões, e um bombardeio americano na região oeste,
perto da fronteira com a Síria, deixou 40 mortos. O comando dos
EUA disse que se tratava de supostos insurgentes, mas, segundo
testemunhas, eles eram civis.
Na véspera, o Pentágono enviara ao Congresso americano um
relatório no qual estimava em 26
mil as baixas civis iraquianas causadas pela insurgência (entre
mortos e gravemente feridos)
desde janeiro de 2004. Em outubro, a média diária de iraquianos
mortos em ataques da insurgência chegou a 64.
O ataque de ontem em Basra, a
segunda maior cidade do Iraque,
deixou ainda 40 feridos, segundo
a polícia. A explosão ocorreu por
volta das 20h30 (hora local), em
uma rua comercial repleta de lojas e restaurantes, muitos dos
quais lotados por conta do mês
sagrado islâmico do Ramadã.
Segundo o coronel Karim al
Zaidi, o número de mortos deve
subir. No sábado, a explosão de
um carro-bomba perto de Baquba (norte) deixou 30 mortos.
Testemunhas relataram cenas
de caos na tentativa de resgatar as
vítimas. Equipes de emergência
retiravam pedaços de corpos da
área em frente a um restaurante.
Até o fechamento desta edição,
nenhum grupo tinha reivindicado ainda a autoria do ataque.
Com mais sete mortes ontem,
outubro terminou também como
o segundo pior mês para os militares americanos em número de
baixas -93, contra 107 em janeiro. Desde a invasão do Iraque, em
março de 2003, elas já somam
2.016, segundo contagem mantida pela agência Associated Press.
Quatro soldados foram vítimas
de uma bomba que explodiu com
a passagem de seu veículo em
uma rua em Youssifiyah, 20 km
ao sul de Bagdá. Outros dois foram mortos em um incidente semelhante em Balad, 80 km ao
norte da capital, e um marine foi
morto em Amiriyah, um bastião
da insurgência situado 35 km ao
oeste de Bagdá.
Ataque americano
Um bombardeio americano em
Karabila, no oeste do país, perto
da instável fronteira síria, deixou
40 mortos e ao menos 20 feridos.
Segundo médicos que atenderam os feridos e líderes tribais locais, os mortos eram civis -12
deles seriam crianças.
Imagens feitas no local, aparentemente resultantes do ataque,
mostram homens limpando os
escombros e mulheres chorando
sobre corpos cobertos com lençóis. Três dos corpos mostrados
eram de crianças.
Mas o comando americano alega que eram insurgentes e que foram mortos por uma bomba de
precisão que visou um líder do
braço iraquiano da Al Qaeda.
"Mortes de civis não podem ser
checadas, e é comum que funcionários de hospitais façam tais acusações", disse um porta-voz militar, coronel David Lapan. "Acreditamos que o líder terrorista que
era nosso alvo foi morto."
O nome do suposto terrorista
não foi divulgado. Durante a operação, cerca de cem suspeitos foram detidos, informou o comando americano.
Outros ataques americanos no
oeste do Iraque já causaram mortes civis, mas é difícil saber com
precisão quantas são essas baixas
-os militares dos EUA costumam negá-las, e médicos e líderes
da região costumam exagerá-las.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Direitos civis: 30 mil visitam caixão de Parks no Capitólio Próximo Texto: Espiã sofreu ameaças, diz ex-diplomata Índice
|