São Paulo, domingo, 1 de novembro de 1998

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País tem "Mães da Praça de Maio'

do enviado especial

A Turquia tem sua versão das Mães da Praça de Maio. As Mães de Sábado se reúnem neste dia da semana na praça Galatasaray -que também dá nome ao time de futebol em que joga o goleiro Taffarel-, em Istambul. Como as argentinas, elas protestam contra o desaparecimento de seus filhos.
Desde 1990, cerca de 400 pessoas desapareceram depois de serem detidas pela polícia na Turquia. O problema é o mais visível entre as muitas questões de direitos humanos ainda por resolver no país.
A manifestação ocorre todos os sábados há cerca de três anos.
"Mas todos os sábados o acesso ao nosso prédio é bloqueado pela polícia", diz Erhan Pekçe, advogado das mães que trabalha junto à Associação de Direitos Humanos.
Os que tentam entrar ou sair do prédio são detidos e liberados algumas horas depois. Pekçe diz ser seguido o tempo todo por dois policiais enquanto dura o protesto.
Segundo a organização, a situação de direitos humanos no país está piorando. O motivo seria, mais uma vez, a frustração turca em relação a sua admissão na União Européia.
O problema mais grave são as vítimas civis do conflito entre o Exército e os rebeldes curdos do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), que lutam pelo estabelecimento de um Estado independente que incluiria o sudeste da Turquia.
"Não tomamos partido de nenhum lado do conflito, mas de suas vítimas. O que nos preocupa são os resultados da guerra", afirma Dogan Genç, membro do conselho da organização. Segundo dados do órgão, o conflito curdo matou, neste ano, 1.903 civis. No ano passado, foram 2.859 mortes.
A guerra no sudeste também tem aumentado o êxodo rural, o que contribui para a ocupação desordenada das cidades. (PHB)



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