|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIPLOMACIA
Embaixador brasileiro diz que negocia transição para que novos membros do Conselho de Segurança adquiram o direito
Itamaraty quer ter veto em órgão da ONU
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
Com seus aliados na busca por
uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil pleiteará o direito de veto para
possíveis novos membros do grupo. Relatório sobre a reforma do
órgão recomenda o oposto. Mas o
país se mostra disposto a aceitar
uma solução transitória.
"Um de nossos objetivos é que
esses novos membros permanentes não sejam tão diferentes dos
antigos", disse à Folha o embaixador brasileiro na ONU, Ronaldo
Sardenberg. "Se um grupo tem
veto e outro não, isso os diferencia. Por outro lado, tem de haver
um regime de transição, uma maneira de encaminhar esse assunto
no tempo", acrescentou.
"Reconhecemos que existe um
problema e estamos trabalhando
com o G-4 para ver quais são as
soluções possíveis." Formado em
setembro, o G-4 é um grupo de
apoio mútuo de países que pleiteiam uma vaga permanente no
principal órgão da ONU: Brasil,
Alemanha, Japão e Índia.
Amanhã, o grupo indicado pelo
secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, apresenta oficialmente o
relatório com suas conclusões sobre as reformas necessárias no organismo internacional, que completa 60 anos em 2005.
No documento, já entregue a
jornalistas, são sugeridos dois
modos para reformular o CS, ambos expandido os assentos de 15
para 24. Um prevê o acréscimo de
seis cadeiras às cinco permanentes atuais, e o outro, a criação de
oito "semipermanentes", com
mandato de quatro anos. O texto,
no entanto, diz que "sob qualquer
um dos casos o poder de veto não
deve ser estendido" -hoje, ele é
privilégio de EUA, Rússia, China,
França e Reino Unido.
O Brasil, como seus aliados, defende a primeira proposta, mas
tem ressalvas quanto ao limite do
veto. Já a segunda solução é defendida por países que disputam a
liderança em suas regiões com o
os membros do G-4.
O Brasil quer propor o início
das discussões sobre as reformas
para janeiro. Em março, Annan
deve apresentar um texto recomendando quais dos 101 pontos
levantados pelo painel deverão
ser discutidos na reunião de cúpula da Assembléia Geral em setembro. Uma vez votadas pela assembléia -é necessária a aprovação de 2/3 dos países-membros-
as reformas serão ratificadas pelo
CS e precisarão da chancela dos
membros permanentes.
Além da reforma do CS, o relatório inclui questões como desenvolvimento econômico, saúde e
segurança internacional. "O que
está acontecendo é um processo
de reinvenção das Nações Unidas", disse Sardenberg.
Entre outras coisas, o texto sugere a adoção de uma declaração
internacional sobre terrorismo,
com uma definição para a prática.
Também são sugeridas medidas
restritivas aos ataques preventivos, ainda que esses sejam admitidos "em última circunstância",
após a diplomacia.
"Queremos que os debates sejam independentes, que nada fique esperando. Nada nesse relatório é desimportante. A dificuldade é priorizar", afirmou Ronaldo Sardenberg.
Texto Anterior: Guantánamo: Cruz Vermelha diz que EUA torturam Próximo Texto: Missão no Caribe: Brasil ainda espera ficar mais no Haiti Índice
|