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Para especialista, país do islã moderno tem de criar mais empregos
DO ENVIADO À INDONÉSIA
Uma maneira de ajudar a enfraquecer o radicalismo islâmico no mundo árabe é disseminar as interpretações modernas das escrituras feitas pelos
muçulmanos indonésios. O
principal obstáculo é a língua.
"Mas alguns estudiosos britânicos e alemães começam a traduzir os textos e distribuí-los
em inglês no Oriente Médio",
conta Hadi Soesastro, diretor
do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais local.
Criado nos anos 70, o CSIS da
Indonésia não está ligado ao
seu homônimo de Washington,
mas é considerado um dos
principais irradiadores de pensamento do arquipélago. Ex-professor da Universidade Columbia, em Nova York, e consultor de diversos organismos
multilaterais, o economista
Soesastro é sua estrela.
O acadêmico recebeu a Folha na sede do centro, na capital do país, cidade de 18 milhões de habitantes.
(SD)
FOLHA - O governo tenta vender o
"jeito indonésio" de encarar o islamismo como a via do futuro. O sr.
concorda?
HADI SOESASTRO - Há muita verdade nisso. Quando você fala do
modelo, a grande questão é: o
islã é compatível com a democracia? É o que tentamos provar aqui. Queremos provar que
sim, é possível. Na verdade, é a
maneira com que lidamos com
o problema dos grupos radicais.
Eles podem se organizar e participar do processo político democrático, então têm de aceitar
ser derrotados nas eleições, por
exemplo. De fato, as duas eleições mais recentes mostraram
que partidos políticos com plataformas religiosas não são
muito efetivos. O número de
votos deles vem caindo.
FOLHA - Por quê?
SOESASTRO - Parcialmente porque os partidos têm disputas
internas sérias. Mas o principal
é o golpe para eles que é esse
jeito moderno do indonésio de
pensar o islã. O problema é que
a maior parte das interpretações do islã é escrita na língua
local, então sua disseminação
fica restrita. Mas alguns estudiosos malaios, britânicos e alemães começam a traduzir os
textos e distribuí-los em inglês
no Oriente Médio.
FOLHA - Do ponto de vista econômico, o quanto a questão do terror
atrapalha o país?
SOESASTRO - Não muito. Por um
tempo, é claro que sim. Sempre
que há um ataque há reflexos
na economia. Mas, de modo geral, mesmo com dois ataques
em Bali, só houve impactos localizados na economia. A Bolsa
de Valores não foi afetada, pelo
menos não na segunda vez. O
turismo foi afetado, é claro,
mas começa a se reerguer.
Nosso principal problema é a
criação de empregos. Estamos
crescendo a 6%. Não é suficiente, pois não equivale ao mesmo
número de empregos criados
há 20 anos. Então, para cada
ponto percentual, criávamos
400 mil vagas. Assim, 6% significavam 2,4 milhões de empregos, e esse era o número de pessoas que entravam no mercado
de trabalho a cada ano. Assim,
6% era o mínimo.
Hoje, porém, o mesmo ponto
percentual resulta em 100 mil
empregos. Então, há um ciclo
econômico vicioso. Alguns culpam a competição com a mão-de-obra mais barata na China,
no Vietnã, na Índia. Mas há
também o problema das leis
trabalhistas, que são extremamente protecionistas.
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