São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2008

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entrevista

General crê que Obama pode unir vizinhos

DO ENVIADO A MUMBAI

Autor do livro "Pensamento político moderno da Índia", o general reformado Ian Cardozo, 70, é considerado uma das vozes mais moderadas do país. Ele lutou em duas guerras contra o Paquistão e em outra contra a China e é colunista de vários jornais do país. Em entrevista à Folha, Cardozo diz que há uma oportunidade histórica para que o próximo presidente americano, Barack Obama, participe de um diálogo com Índia e Paquistão, "que termine com décadas de desconfiança". (RJL)

 

FOLHA - O senhor acha que o governo paquistanês tem envolvimento com o atentado?
IAN CARDOZO
- É muito improvável que o governo paquistanês tenha responsabilidade. Mas se sabe que setores do ISI, o serviço secreto paquistanês, são bastante autônomos e dão apoio a grupos que se infiltram nos vizinhos. Faltam ações mais firmes do Paquistão para limpar sua própria estrutura e cooperar com a Índia.

FOLHA - Por que o terrorismo cresce na Índia?
CARDOZO
- Falta uma política nacional clara contra o terrorismo, que una Forças Armadas, Poder Judiciário, governo, sociedade. Não é só com a força das armas que podemos derrotá-lo. Terrorismo é uma idéia. Precisamos de punições severas, uma Justiça rápida e que funcione, leis duras, vigilância pelas forças do Estado e bom governo. Nós não aprendemos com o passado.

FOLHA - Quando Pervez Musharraf era ditador do Paquistão e aliado do presidente americano George W. Bush, os EUA mantinham uma política de defender o Paquistão das críticas da Índia. O que pode mudar com Obama?
CARDOZO
- Temos uma oportunidade histórica. O governo do Paquistão precisa demonstrar compromisso de colaborar com a Índia na luta antiterrorista. Os dois países sofrem muito com isso, especialmente o Paquistão. Obama já demonstrou que acredita em mudanças e diálogo. Como a relação dos EUA é intensa com os dois países, acho que Obama, mais que ninguém, pode criar condições para que Índia e Paquistão possam superar um longo histórico de desconfiança.


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