|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO NOS EUA / REGRAS DO JOGO
Clinton aceita abrir contas, e Hillary vai ser chanceler
Atividades de ex-presidente vão ser monitoradas pela Casa Branca de Obama
Presidente eleito deve confirmar hoje ainda nomes para Defesa (Robert Gates), Segurança Nacional (James Jones) e Justiça (Eric Holder)
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Quando Hillary Clinton for
anunciada secretária de Estado
do novo gabinete de Barack
Obama, em entrevista coletiva
às 9h40 de Chicago de hoje
(13h40 de Brasília), a senadora
deve agradecer o presidente
eleito. O verdadeiro responsável por sua confirmação, no entanto, terá sido seu marido, o
ex-presidente Bill Clinton.
Nas últimas horas, segundo
relatos do comando obamista
que vazaram na imprensa norte-americana, o último democrata a comandar a Casa Branca (1993-2001) aceitou seguir
um conjunto de nove regras
draconianas que devassam
suas atividades desde que deixou o governo e submetem suas
futuras ações ao escrutínio do
gabinete de Obama.
Bill Clinton se comprometeu
a divulgar os nomes dos mais de
200 mil doadores de sua fundação, criada em 1997, o que não é
exigido por lei e pode colocar o
ex-presidente em atrito com
muitos colaboradores estrangeiros, que deram dinheiro
com a condição do anonimato.
Promete ainda tornar públicos
os futuros doadores, o que pode
diminuir o fluxo de entrada de
dinheiro.
O ex-presidente aceitou ainda separar de sua fundação o
principal evento anual, a beneficente Iniciativa Global Clinton, que será realizado apenas
nos EUA e não aceitará mais
contribuições de entidades e
governos estrangeiros. Por fim,
ele submeterá os convites que
receber para palestras no exterior, seu principal ganha-pão,
ao conselho de ética do Departamento de Estado, que poderá
consultar a Casa Branca.
Se o ex-presidente se recusasse, a indicação de sua mulher ao cargo máximo da diplomacia norte-americana estaria
comprometida. Temia-se que
os potenciais conflitos de interesse entre as atividades dos
dois colocasse em risco não só a
imagem de Obama como a confirmação da indicação de Hillary no Senado.
Desde que deixou a Casa
Branca, Clinton viaja pelo
mundo pedindo doações de governos e entidades estrangeiras
para sua fundação, que arrecadou US$ 124 milhões no ano
passado, e ganhando até US$
500 mil por evento no exterior.
A avaliação de Obama é que
isso entraria em choque com a
função que será exercida por
sua mulher, de executora da
política externa dos EUA. Poderia sugerir a empresas e governantes estrangeiros que colaborar com os negócios de Bill
poderia facilitar negociações
com a futura chanceler.
Além de Hillary, Obama deve
confirmar hoje a permanência
de Robert Gates como secretário da Defesa -não estava claro
ainda se apenas por um período
de transição de um ano- e a
vinda do general reformado James Jones para o cargo de conselheiro de Segurança Nacional. Os três serão a linha de
frente obamista de política externa e segurança nacional.
O time será completado pela
confirmação da atual governadora do Arizona, Janet Napolitano, como secretária de Segurança Interna, e do clintonista
Eric Holder como titular da
Justiça. Segundo assessores da
transição, Susan Rice será indicada embaixadora na ONU.
Rice, que assessorou Obama
em política externa na campanha, chegou a fazer parte da
bolsa de apostas para a Chancelaria, mas seu grupo perde poder com a escolha de Hillary.
Outra em baixa é Samantha Power, que chamou Hillary de
"monstro" numa entrevista e
hoje participa da transição.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Nigéria: Autoridades tomam controle de Jos, após 48h de violência Índice
|