São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / REGRAS DO JOGO


Clinton aceita abrir contas, e Hillary vai ser chanceler

Atividades de ex-presidente vão ser monitoradas pela Casa Branca de Obama

Presidente eleito deve confirmar hoje ainda nomes para Defesa (Robert Gates), Segurança Nacional (James Jones) e Justiça (Eric Holder)

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Quando Hillary Clinton for anunciada secretária de Estado do novo gabinete de Barack Obama, em entrevista coletiva às 9h40 de Chicago de hoje (13h40 de Brasília), a senadora deve agradecer o presidente eleito. O verdadeiro responsável por sua confirmação, no entanto, terá sido seu marido, o ex-presidente Bill Clinton.
Nas últimas horas, segundo relatos do comando obamista que vazaram na imprensa norte-americana, o último democrata a comandar a Casa Branca (1993-2001) aceitou seguir um conjunto de nove regras draconianas que devassam suas atividades desde que deixou o governo e submetem suas futuras ações ao escrutínio do gabinete de Obama.
Bill Clinton se comprometeu a divulgar os nomes dos mais de 200 mil doadores de sua fundação, criada em 1997, o que não é exigido por lei e pode colocar o ex-presidente em atrito com muitos colaboradores estrangeiros, que deram dinheiro com a condição do anonimato. Promete ainda tornar públicos os futuros doadores, o que pode diminuir o fluxo de entrada de dinheiro.
O ex-presidente aceitou ainda separar de sua fundação o principal evento anual, a beneficente Iniciativa Global Clinton, que será realizado apenas nos EUA e não aceitará mais contribuições de entidades e governos estrangeiros. Por fim, ele submeterá os convites que receber para palestras no exterior, seu principal ganha-pão, ao conselho de ética do Departamento de Estado, que poderá consultar a Casa Branca.
Se o ex-presidente se recusasse, a indicação de sua mulher ao cargo máximo da diplomacia norte-americana estaria comprometida. Temia-se que os potenciais conflitos de interesse entre as atividades dos dois colocasse em risco não só a imagem de Obama como a confirmação da indicação de Hillary no Senado.
Desde que deixou a Casa Branca, Clinton viaja pelo mundo pedindo doações de governos e entidades estrangeiras para sua fundação, que arrecadou US$ 124 milhões no ano passado, e ganhando até US$ 500 mil por evento no exterior.
A avaliação de Obama é que isso entraria em choque com a função que será exercida por sua mulher, de executora da política externa dos EUA. Poderia sugerir a empresas e governantes estrangeiros que colaborar com os negócios de Bill poderia facilitar negociações com a futura chanceler.
Além de Hillary, Obama deve confirmar hoje a permanência de Robert Gates como secretário da Defesa -não estava claro ainda se apenas por um período de transição de um ano- e a vinda do general reformado James Jones para o cargo de conselheiro de Segurança Nacional. Os três serão a linha de frente obamista de política externa e segurança nacional.
O time será completado pela confirmação da atual governadora do Arizona, Janet Napolitano, como secretária de Segurança Interna, e do clintonista Eric Holder como titular da Justiça. Segundo assessores da transição, Susan Rice será indicada embaixadora na ONU.
Rice, que assessorou Obama em política externa na campanha, chegou a fazer parte da bolsa de apostas para a Chancelaria, mas seu grupo perde poder com a escolha de Hillary. Outra em baixa é Samantha Power, que chamou Hillary de "monstro" numa entrevista e hoje participa da transição.


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